Uma equipe de cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, conseguiu usar técnicas de manipulação genética para recriar um vírus que estava extinto. E, de forma notável, a proeza foi realizada com amostras de DNA que podem ser compradas pelo correio.
Os cientistas canadenses resgatou da extinção o “horsepox”, um vírus que causa uma versão da varíola que infecta cavalos e gado, e que tinha sido dado como erradicado na década de 1980.
Erradicar a varíola, uma das mais mortíferas enfermidades da História, com 30% de mortalidade, levou décadas e custou milhares de milhões de dólares. Mas trazê-la de volta não foi difícil, nem particularmente caro. Segundo a Science Mag, as amostras de DNA usadas para o fazer foram recebidas pelo correio e custaram cerca de 100 mil dólares.
Segundo David Evans, autor principal do estudo, financiado pela farmacêutica Tonix, a pesquisa teve como objetivo criar um vírus modificado que ataque especificamente tumores, permitindo um novo tipo de terapia contra o câncer.
Para conseguir “reverter a extinção” do vírus, os cientistas misturaram diversos fragmentos de DNA com o genoma do vírus e inseriram a mistura resultante em uma célula que se transformou em um tipo de “fábrica” do vírus extinto e começou a criar cópias do DNA desenvolvido pelos cientistas.
No entanto, o estudo de Evans também tem consequências preocupantes porque mostra que é possível recriar um vírus extremamente perigoso usando recursos que podem ser adquiridos de maneira relativamente fácil e barata.
A situação levou duas revistas científicas a rejeitar a publicação do artigo de Evans, com receio de que pessoas mal-intencionadas usem o conhecimento divulgado para recriar um vírus perigoso e usá-lo para fins criminosos ou terroristas.
O cientista reconhece que isso é possível, mas não considera que a publicação do seu trabalho aumente as probabilidades de isso acontecer. “Será que aumentei o risco de alguém o fazer ao mostrar como é possível recriar o vírus? Não sei. Talvez sim. Mas a verdade é que o risco sempre existiu“, conclui.
// ZAP