Cientistas usaram uma técnica de edição genética para eliminar vírus em porcos vivos, um passo considerado importante para o transplante de órgãos de suínos compatíveis em humanos, segundo um estudo divulgado.
Ao utilizar a técnica CRISPR/Cas9, uma equipe internacional de pesquisadores editou o genoma (informação genética) do porco para desativar genes de uma família de retrovírus, a dos retrovírus endógenos porcinos, que podem ser transmitidos de células de suínos para células humanas quando cultivadas juntas, refere em comunicado a American Association for the Advancement of Science, editora da revista científica Science.
O fato de células humanas infectadas transmitirem o vírus do porco a células saudáveis levou os cientistas a pensarem na necessidade de eliminar os retrovírus caso o transplante de um órgão ou tecido de porco seja feito em pessoas.
Os retrovírus, como os endógenos porcinos e o HIV/Aids, são uma família de vírus que têm no seu genoma apenas moléculas de RNA, e não DNA, como acontece com o vírus da hepatite B por exemplo. Tanto o DNA (ácido desoxirribonucleico) como o RNA (ácido ribonucleico) encontram-se nas células e são responsáveis pela transmissão de características hereditárias.
No estudo, pesquisadores da China e dos EUA mapearam e caracterizaram os retrovírus endógenos porcinos presentes no genoma de células de fibroblastos de porco. O grupo conseguiu fazer crescer células de porco viáveis sem os retrovírus, ao adicionar uma série de fatores de reparação de DNA que o comunicado não especifica.
Quando os cientistas implantaram em porcas embriões ‘limpos’ dos genes dos retrovírus, descobriram que as crias que nasceram não apresentavam sinais de retrovírus, tendo algumas delas sobrevivido até quatro meses após o nascimento.
// ZAP