Um brasileiro de 19 anos, exemplo de superação – filho do pedreiro Jonas e da empregada doméstica Valdirene – acaba de ser aprovado em uma das melhores universidades do mundo: Havard, nos EUA.
Rafael José da Silva, nasceu em Blumenau (SC) e, apesar de a família dele não ter condições financeiras, ele sonhava em ser médico desde pequeno. A certeza veio quando a avó dele ficou doente.
“Minha avó paterna foi diagnosticada com câncer de reto em estágio avançado – e que foi algo que abalou muito minha família – e influenciou bastante minha escolha, cheguei inclusive a ajudar a cuidar dela por um tempo”, contou Rafael, em entrevista ao SNB.
Aluno de escola pública desde o ensino fundamental, ele decidiu que queria estudar na USP, a maior universidade brasileira, mas não tinha dinheiro para pagar cursinho. O jeito foi estudar. E muito:
“Nunca fiz cursinho pré-vestibular e estudei por conta própria no ensino médio, preparando-me para o vestibular. No final do Terceirão, a FUVEST [vestibular da USP], foi o primeiro e único vestibular que prestei. Fui aprovado na primeira tentativa e na primeira chamada”, lembrou.
Hoje, Rafael está no quarto semestre de medicina na USP e gasta o mínimo possível para sobreviver e se manter em São Paulo, longe dos pais. Ele mora em um alojamento fornecido pela Faculdade de Medicina a estudantes carentes, a Casa do Estudante de Medicina e depende de bolsas para estudar e comer.
“Recebo bolsas de auxílio da faculdade: bolsa afinal [uma bolsa de auxílio financeiro, de R$ 400 mensais], passe livre e bolsa alimentação [almoço e jantar de graça]. Além disso, meus pais, obviamente, me ajudam conforme eles podem”, conta.
Harvard
Este ano, Rafael decidiu subir mais um degrau e se inscreveu para fazer um intercâmbio de pesquisa científica na Universidade de Harvard. “Nesse programa, há vários laboratórios associados, da HSPH (Harvard School of Public Health) e da HMS (Harvard Medical School). O intercâmbio tem 1 ano de duração. Durante esse período ficarei no laboratório do Professor Masanori Aikawa, da HMS, e do Brigham and Women’s”, disse.
Ele deverá passar o ano de 2018 fazendo pesquisa científica na área da Cardiologia, e estudar temas como aterosclerose, que desenvolve placas de gorduras nas artérias do corpo e pode causar infarto e AVC.
A luta agora é para sobreviver durante 1 ano nos EUA. “O valor que Harvard estima como custo de vida de 1 ano em Boston é de quase 23 mil dólares”, mais de R$ 70 mil, contou o estudante.
Sem medo de ser feliz, Rafael arregaçou as mangas e abriu uma vaquinha eletrônica no Catarse para levantar R$ 50 mil. Em 6 dias ele conseguiu quase 20% do que precisa. “Na vaquinha online, consegui até então R$ 8.830. E, na minha conta, consegui aproximadamente R$ 900 de doações.
Solidário
Rafael prometeu que se conseguir ir para Harvard vai realizar o sonho de um garoto pobre como ele, depois que se formar e arrumar emprego: “Pretendo ajudar financeiramente pelo menos um estudante, na mesma proporção que estou precisando ou, eventualmente, até mais”, disse ao SóNotíciaBoa.
Até lá o estudante vai usando o que aprende na USP para ajudar pessoas, em atividades extracurriculares. Desde o primeiro semestre ele é membro – e atualmente diretor de didática – de um programa chamado Extensão Médica Universitária, que presta atendimento médico voluntário à comunidade.
Rafael também é tutor no cursinho pré-vestibular Med-Ensina, organizado por alunos da FMUSP, que ajuda alunos carentes a se preparar para vestibulares concorridos.
Ciberia // Só Notícia Boa