Cabral dava mesadas de até R$ 100 mil para os pais e a ex-mulher, diz delator

Fabio Rodrigues Pozzebom / ABr

Ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

O ex-governador Sérgio Cabral foi condenado nesta terça-feira (19) pela quarta vez na Operação Lava Jato. Desta vez, no âmbito da operação Eficiência 2, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, o senteciou a mais 15 anos de prisão. O ex-governador ainda pode recorrer.

De acordo com o portal de notícias da Globo, Cabral já tinha sido condenado a 72 anos de prisão em três processos. Agora, as penas chegam a 87 anos em quatro processos, três com Bretas, no Rio, e um com o juiz Sérgio Moro, no Paraná, também na Lava Jato.

Nesta segunda-feira (18), o delator Carlos Miranda disse que o ex-governador Sérgio Cabral dava mesadas que chegavam a R$ 100 mil a sua ex-mulher Suzana Neves e o mesmo valor a seus próprios pais.

O dinheiro era repassado pela empreiteira FW, que prestava serviços ao estado, propriedade de Fernando Werneck, amigo de longa data de Cabral. Miranda prestou depoimento nesta segunda-feira (18) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.

“O combinado era R$ 100 mil [para Suzana Neves]. Ele dava uma mesada para os pais, que chegou a R$ 100 mil. Para a irmã, Cláudia, R$ 25 mil. Para os dois filhos, era R$ 10 mil para o mais velho e R$ 5 mil para o mais novo”, disse Miranda, que era responsável pelos pagamentos, vindos da empresa FW.

O nome do deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB), filho mais velho do ex-governador, não foi citado, a pedido de Bretas, por ele ter foro privilegiado. Miranda, segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), era o operador financeiro de Cabral, encarregado de recolher e entregar dinheiro do esquema criminoso do grupo.

O dono da empreiteira, Flávio Werneck, confirmou, em depoimento prestado em seguida, que realmente entregou recursos ao grupo de Cabral. Segundo ele, tratava-se de um percentual de 5% sobre diversas obras feitas por sua empresa ao estado, além de uma taxa de 1%, denominada de “oxigênio”. Werneck calculou que, ao longo dos anos, chegou a pagar entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões em propina.

A ex-mulher de Cabral também foi ouvida e negou que recebesse mesada de até R$ 100 mil. Ela disse que os valores mensais variavam de R$ 30 mil a R$ 40 mil e negou saber a origem ilícita dos recursos.

“Eu não tinha motivo para desconfiar do Sérgio”, disse ela, que está separada dele há 21 anos. A denúncia do MPF também informa que a FW realizou diversas obras em casas de Suzana, mas ela negou saber que a empresa prestava serviços ao estado.

Cabral foi o último a ser interrogado e sustentou que o dinheiro recebido da FW não era propina, mas sim caixa 2 para campanhas. E que ele combinou com Werneck para apoiar sua família financeiramente, para direcionar esses recursos.

Ao final do depoimento, Cabral, visivelmente emocionado, lembrou que está preso faz 13 meses e que este será o segundo Natal que ele vai passar longe da família. “Eu tenho buscado em Deus forças para estes momentos tão difíceis. Que a gente acorda e não sabe como. Mais um Natal fora de casa, sem meus filhos. Deve ter um sentido nisso”, desabafou Cabral.

Segundo o advogado Rodrigo Roca, que defende o ex-governador, as mesadas que seriam pagas por Cabral, segundo o delator Miranda, carecem de provas.

“Ele disse que não tem prova nenhuma disso. Um dos requisitos para validar a delação premiada é justamente o elemento de corroboração. Mas o Carlos Miranda quer que se acredite somente na sua palavra. Daí isso ser prova suficiente para uma condenação, tem uma distância muito grande”, disse Roca, à saída da audiência.

Ciberia // Agência Brasil

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