A pele dos tubarões pode ajudar a projetar melhores aviões, drones, automóveis ou turbinas eólicas, segundo estudos desenvolvidos por biólogos e engenheiros da Universidade de Harvard, Estados Unidos.
Uma equipe de biólogos e engenheiros da Universidade de Harvard, nos EUA, em colaboração com pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, procura construir máquinas mais aerodinâmicas, se inspirando na pele dos tubarões e nos seus dentículos.
Os dentículos são pequenas placas ósseas que tornam a pele áspera, parecida a uma lixa, mas que permitem aos tubarões nadar com menos resistência da água.
A nova estrutura “bio inspirada” que os pesquisadores buscam criar pode ajudar o desempenho aerodinâmico de automóveis ou de aviões, parecido com o que já aconteceu com o traje para natação, que imita a pele do tubarão.
A equipe descobriu que, além de reduzir o atrito, as estruturas formadas com a pele de tubarão aumentavam significativamente a sustentação, atuando como geradores de vórtices de alta potencia e baixo perfil.
Um gerador de vórtice é um objeto que produz um movimento rápido em espiral de um fluido, existente, por exemplo, em automóveis ou nos aviões – pequenas laminas verticais nas asas. Alteram o fluxo do ar sobre a superfície de um objeto em movimento e o tornam, assim, mais aerodinâmico.
Segundo o estudo, publicado esta semana no Journal of the Royal Society Interface, esses geradores de vórtices inspirados na pele dos tubarões conseguem melhorias de 323% quando comparados com um perfil aerodinâmico sem geradores de vórtice.
No estudo, os pesquisadores lembram que os tubarões e os aviões têm semelhanças, já que ambos são projetados para se mover de forma eficiente na água ou no ar, usando as formas dos seus corpos para se sustentar e para diminuir o atrito. A diferença é que os tubarões têm 400 milhões de anos de avanço no processo evolutivo do design.
“A pele dos tubarões é coberta por milhares e milhares de dentículos, que variam de forma e tamanho ao longo do corpo”, lembrou George Lauder, professor de ictiologia e de Biologia e um dos autores da pesquisa.
Até agora, pesquisas têm sido feitas sobre as propriedades dos dentículos na redução do atrito, mas o novo estudo quer saber como eles influenciam também a sustentação, explicou Mehdi Saadat, outro dos autores do trabalho.
Na pesquisa, os responsáveis contaram com a colaboração de uma equipe de engenheiros de Harvard e se inspiraram no tubarão-anequim ou sardo (Isurus oxyrinchus), o mais rápido do mundo.
Os dentículos do anequim têm três cristas, como um tridente, que a equipe formou e modelou em três dimensões recorrendo a uma microtomografia computorizada. O resultado em 3D foi impresso na superfície de uma asa com uma seção transversal aerodinâmica curva, o chamado perfil alar ou aerofólio.
August Domel, outro dos autores do artigo, explicou que o objetivo é testar as estruturas para entender que efeito têm na sustentação e no atrito e as aplicações que podem ter em aviões, drones ou turbinas eólicas.
Ciberia, Lusa // ZAP