O Facebook está incluindo no seu aplicativo para celulares uma nova opção intitulada “Protect” que, afinal, serve sobretudo para espionagem empresarial, permitindo à rede social roubar ideias e ganhar vantagem sobre a concorrência.
O alerta é lançado pelo site de tecnologia TechCrunch que explica que a opção “Protect” (Proteger, em português) direciona os utilizadores do aplicativo para celulares do Facebook para a App Store, desafiando-os a instalar o serviço Virtual Private Network (VPN) chamado Onavo.
A Onavo surge, assim, como uma ferramenta VPN, ou seja, um sistema de proteção de dados e de privacidade que permite encriptar as informações dos utilizadores quando eles visitam sites, de modo a não serem rastreados.
Embora “mascarem” a atividade dos utilizadores, não permitindo a terceiros a recolha de dados dos mesmos, as VPNs podem registrar tudo o que seus clientes fazem online. E é precisamente isso que a Onavo faz, mas sob a “máscara” da proteção e com um intuito que passa precisamente pela recolha de dados para uso próprio – já que o Facebook não é uma empresa de segurança informática.
Na App Store, nota-se que a Onavo “guarda com segurança os logins de websites e informações pessoais, como contas bancárias e números dos cartões de crédito”, protegendo as “informações privadas dos websites móveis maliciosos, de phishing e não seguros, que podem ver e compartilhar suas informações privadas”.
Aquilo que não se explica é que a Onavo permite ao Facebook saber tudo o que as pessoas fazem nos celulares, mesmo fora do âmbito da rede social. A ferramenta permite à empresa monitorar os hábitos no uso da internet global, conseguindo rastrear informações sobre outros aplicativos e sobre a forma como os utilizadores interagem com ela.
É, assim, uma ferramenta preciosa em termos de espionagem empresarial. A Onavo “permite ao Facebook monitorar a atividade dos utilizadores entre aplicativos”, o que dá à rede social “uma grande vantagem em termos de detectar novas tendências em todo o vasto ecossistema móvel“, explica o TechCrunch.
O Facebook pode, através da ferramenta, entender em primeira mão quais “aplicativos estão se tornando grandes sucessos”, quais crescem mais lentamente e que “características novas” desses aplicativos resultam melhor com os utilizadores, refere o site tecnológico.
Onavo permitiu “esmagar” rede social em crescimento
A rede social de Mark Zuckerberg já teria tirado partido dos dados da Onavo para obter vantagem relativamente à concorrência, como na “batalha com o Snapchat”, segundo o TechCrunch.
Um artigo de agosto de 2017 do Wall Street Journal mencionava precisamente este dado, realçando que o Facebook conseguiu perceber antecipadamente que o lançamento da funcionalidade “Stories” no Instagram, rede social de que é proprietária, estava afetando negativamente o crescimento do Snapchat, a rede social focada nos celulares que se baseia na criação de mensagens instantâneas para Android e iOS.
O TechCrunch acrescenta que a Onavo também permitiu ao Facebook “esmagar” outra rede social, vocacionada para adolescentes, que não chegou a ser divulgada, integrando uma das suas funcionalidades que estaria tendo grande sucesso nos celulares.
A VPN do Facebook não estará disponível para os utilizadores de todo o mundo. A rede social confirma ao TechCrunch que a Onavo está neste momento disponível nos EUA em dispositivos iOS. Mas o site frisa que teria também utilizadores no Brasil e na Índia e que já teria sido detectada, em 2016, no Reino Unido.
O gestor de produto da Onavo, Erez Naveh, explica ao site tecnológico que “como outras VPNs”, esta “atua como uma ligação segura para proteger as pessoas de sites potencialmente perigosos”.
Naveh também reconhece que “o aplicativo pode recolher dados de tráfego móvel para ajudar a reconhecer táticas que maus agentes utilizam”, destacando que isso “ajuda a ferramenta a funcionar melhor” ao longo do tempo, mas não confirmando os aspectos maliciosos da Onavo.
Ciberia // ZAP