Plataformas feministas apoiadas por sindicatos nacionais fazem uma manifestação durante a greve laboral, de cuidados, de consumo e estudantil para denunciar a situação de desigualdade que a mulher sofre.
A greve feminista convocada para este 8 de março é uma proposta das redes feministas espanholas para trazer visibilidade ao papel da mulher na sociedade.
As plataformas feministas querem reivindicar o que falta para ser alcançada a igualdade de direitos, para ser suprimida a brecha salarial de gênero, para acabar com o trabalho não remunerado, levado a cabo maioritariamente por mulheres – como por exemplo, cuidar do lar.
A greve de 8 de março parou a Espanha e quer alertar para o fato de metade da população ser tratada como “cidadãs de segunda“, que diariamente se veem menosprezadas, estereotipadas, assediadas, entre outros tipos de violência, acusa a RT.
A chamada à greve feminista se estende, no entanto, a mais de 150 países. Na Espanha, a plataforma feminista que convocou a paralisação tem 65 convocatórias registradas. Na Itália, são 43 as cidades convocadas para sair às ruas. Em Portugal, há iniciativas pelo menos nas cidades de Lisboa, Porto, Braga e Coimbra.
O lema para a greve é claro: “Se nós paramos, o mundo para“. Com isso, as mulheres de todo o mundo que aderirem à iniciativa chamam a atenção para a falta que fazem ao funcionamento da sociedade.
Na Espanha, o único país onde foi decretada uma greve geral de mulheres, todos os setores estão sendo afetados.
Nas redes sociais estão sendo divulgadas imagens de um “dia histórico” que mostram um país em suspenso. Nos parlamentos regionais, é notória a ausência de deputadas. Políticos do sexo feminino e masculino, incluindo líderes partidários e prefeitos, têm publicado mensagens de apoio ao protesto feminista.
O Ministério dos Transportes da Espanha anunciou que, ao longo desta quinta-feira, haverá 300 trens a menos operando ao longo do dia, depois de dez sindicatos terem anunciado sua adesão à greve de 24 horas.
Os organizadores e os apoiantes da greve geral pedem a todas as mulheres que não gastem dinheiro e que renunciem a qualquer trabalho doméstico em solidariedade com as restantes. Entre mulheres mais famosas que já confirmaram a adesão está Penélope Cruz, que cancelou todos os eventos públicos planejados para este dia.
Contra os que defendem a paralisação inédita está, por exemplo, o Partido Popular, o movimento conservador de centro-direita que está no poder na Espanha desde 2011, para o qual a ação “só serve as elites feministas e não as mulheres reais que compartilham problemas do dia a dia”.
No início da semana, duas das cinco mulheres que ocupam cargos ministeriais no governo do presidente Rajoy – a ministra da Agricultura, Isabel García Tejerina, e a presidente da comunidade de Madrid, Cristina Cifuentes – manifestaram seu apoio à greve, angariando críticas contundentes da parte do presidente do Executivo.
As prefeitas de Madrid e de Barcelona, Manuela Carmena e Ada Colau respectivamente, entre várias outras políticas, também aderiram à paralisação feminista, segundo o Expresso.
Dentre os sindicatos existentes na Espanha, dez aderiram à greve, mas dois dos mais poderosos pediram aos membros que limitem os protestos a uma paralisação de duas horas. Pelas 8h da manhã, as autoridades espanholas anteviam impactos na rede ferroviária e também na circulação do metrô.
Ao antecipar a greve, o El País publicou esta manhã os resultados de uma sondagem junto de 1.500 espanhóis, com 82% dando seu apoio à greve das mulheres e 76% defendendo que, no geral, as espanholas têm vidas muito mais difíceis que seus conterrâneos do sexo masculino.
Segundo dados do Eurostat divulgados nesta semana, as mulheres espanholas recebem salários 13% inferiores aos dos homens pelo mesmo trabalho no setor público e menos 19% que os colegas do sexo masculino no setor privado.
Ciberia // ZAP