Pesquisadores estão finalmente decifrando os escritos do médico e filósofo grego Cláudio Galeno, considerado um dos pais da medicina. O texto está escondido por trás de outro, este religioso do século XI. Decifrar as palavras só é possível graças a raios-X de alta energia.
Os escritos de Cláudio Galeno, médico e filósofo grego mais conhecido por Galeno de Pérgamo (129 d.C.-210 d.C.), considerado um dos pais da medicina, foram descobertos escondidos em um antigo livro de hinos religiosos datado do século XI.
O texto do médico grego do século II está escrito em Siríaco antigo e teria sido manuscrito há 1.400 anos, provavelmente por alguém do Mosteiro de Santa Catarina, no Egito, informa o ScienceAlert.
Cerca de 500 anos mais tarde, a tinta do pergaminho original foi raspada das páginas e foram escritos salmos religiosos por cima. Uma decisão motivada “quase certamente por razões econômicas”, porque “os pergaminhos não eram baratos”.
Durante vários anos, pesquisadores tentaram decifrar o texto original com recurso à técnica de imagens multiespectrais. Os primeiros estudos utilizaram raios ultravioleta e comprimentos de onda infravermelhos, mas não conseguiram desvendar o mistério.
Agora, uma equipe de cientistas do Stanford Synchrotron Radiation Lightsource (SSRL), instalação pioneira de radiação sincrotrônica ou síncrotron que integra o Centro de Aceleração Linear de Stanford e dirigida pela Universidade de Stanford, nos EUA, está mais perto de decifrar o texto.
“Os pesquisadores utilizam raios-X de alta energia, gerados por um acelerador de partículas cíclicas, para expor resíduos infinitesimais de tinta enterrados no pergaminho e deixados pelas inscrições originais”, avança o ScienceAlert.
“Os primeiros resultados são incrivelmente alucinantes”, considera o especialista em civilizações antigas, Peter Pormann, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, em declarações à Newsweek.
“Galeno é, sem dúvida, o mais importante e mais influente médico de todos os tempos”, afirma Pormann, realçando que desvendar o texto que ele escreveu há 1.400 anos é atestar “como a medicina se desenvolveu”.
Até agora, os pesquisadores já conseguiram “reconstruir” uma página do documento. Até o fim de semana, esperam ter analisado 26 páginas (o livro tem um total de 226 páginas). A análise de cada página demora cerca de 10 horas.
Ciberia // ZAP