Mãe encontra filha que teria morrido no parto (mas que tinha sido trocada por novilhas)

O drama de 36 anos de uma mãe vai terminar neste domingo (13), Dia das Mães. Ela vai conhecer a filha que pensou ter morrido após o parto. Pensou, não. Mentiram para ela. “Eu tive uma filha em 1982 e me disseram que ela nasceu morta, mas, na verdade, a levaram de mim”, conta a dona de casa, de 56 anos.

A mãe, que prefere não ser identificada, foi de Dourados para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para ter o bebê, porque sofria de hipertensão e o risco era grande.

No hospital, ela precisou fazer uma cesariana, teve eclâmpsia e não se lembra de nada do que aconteceu até 2 dias depois, quando acordou e viu que todas as mães no quarto estavam com seus bebês, menos ela.

Ao perguntar sobre a criança, disseram que ela teria nascido morta. “Uma enfermeira veio e me disse que minha filha tinha nascido morta. Perguntei pelo corpo e ela me falou que não estava mais lá, que era ‘praxe’ mandar os corpos para a universidade. Nessa hora eu fiquei desesperada, perdi o chão, é terrível você chegar para dar a luz e voltar sem seu bebê e sem saber o que aconteceu”, relembra.

“Ninguém sabe o tanto que eu sofri para secar o meu leite. Nesses anos todos, volta e meia eu pensava nela, que eu não dei de mamar, em como ela seria, mas, eu achava que ela estava morta. Você tem ideia de como é descobrir que ela estava viva o tempo todo, 36 anos depois?”, questiona emocionada.

A dona de casa, que já tinha uma filha de 5 anos, adotou uma menina de 1 mês de idade para tentar suprir a falta da filha. Agora, com as duas adultas, ela recebeu um telefonema que mudaria sua vida.

“A pessoa do outro lado da linha me falou bem assim: ‘eu sou da Polícia Civil de Campo Grande, trabalho com pessoas desaparecidas, você teve um bebê em 1982?’ Eu respondi que sim, mas, que ela nasceu morta. Foi aí que ela me respondeu: ‘sua filha não está morta, ela está te procurando‘”, contou.

Eu gelei toda, fiquei desesperada. Ela me disse que era investigadora e que foi procurada pela minha filha porque ela descobriu um papel entre os documentos da mãe adotiva que morreu e nessa investigação chegaram até mim. Aí eu disse: ‘meu Deus, eu criei a filha dos outros e os outros criaram a minha‘”, conta.

Vendida pela enfermeira

A investigadora que telefonou é Maria Campos, que trabalha no setor de pessoas desaparecidas ou desencontradas da Polícia Civil, na capital sul-mato-grossense. Maria já reuniu 674 mães com seus filhos.

Há dois anos ela foi procurada por uma mulher que trazia um documento de “nascido vivo” e pedia ajuda para encontrar sua mãe.

“A mulher sabia que era adotada. A mãe adotiva dela morreu em 2003 e quase 15 anos depois, arrumando as coisas da mãe, ela encontrou dentro de uma bíblia um documento de nascido vivo, contendo o nome da mãe biológica. Como a mãe que a criou havia adotado outra menina, que morreu aos 3 meses, ela não sabia se o documento era sobre ela ou sobre a outra criança, então começamos a investigar”, conta.

Durante o processo, Maria descobriu que em frente à casa da mãe adotiva morava uma enfermeira que trabalhava no hospital. Foi essa enfermeira quem “ofereceu” a menina para outra mãe que havia perdido o bebê.

“A mulher recebeu o valor de 5 novilhas pela criança”, diz.

Era a mesma enfermeira que contou para a mãe biológica que sua filha tinha nascido morta. “Descobrimos a identidade dela, mas essa enfermeira morreu há alguns anos”, relata.

Depois de 2 anos de investigações, Maria Campos chegou até a mãe biológica, que mora numa cidade próxima a Campo Grande. Ela contou que a filha a procurou porque estava de casamento marcado e queria a presença da mãe na cerimônia.

As duas fizeram o teste de DNA, que deu positivo.

Com o resultado do teste em mãos, a investigadora marcou o encontro de mãe e filha. Será neste domingo, Dia das Mães. “Eu estou muito feliz porque se ela não me procurasse eu jamais iria atrás dela, achei que tinha perdido minha filha. Agora eu ganhei uma filha e uma amiga”, disse a mãe emocionada, abraçando a investigadora.

Maria Campos já viveu essa cena quase 700 vezes. “É muito gratificante esse momento, chego em casa com a sensação de missão cumprida”, celebra.

Ciberia // Só Notícia Boa

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