Essa é a primeira imagem da teia cósmica de filamentos gasosos que conectam o universo

(dr) Joshua Borrow

Graças aos mais avançados telescópios da Terra, pesquisadores conseguiram fazer a primeira imagem da misteriosa “teia cósmica” que permeia todo o universo.

De acordo com os modelos cosmológicos padrão, filamentos de matéria (principalmente hidrogênio) permeiam todo o espaço aparentemente vazio entre aglomerados de galáxia no universo. Tais filamentos são conhecidos como “teia cósmica”.

A teoria dita que são uma espécie de resquício do Big Bang, compõem mais de 60% do gás do universo e alimentam diretamente a produção de estrela em diversas regiões. Nas intersecções de tais filamentos, vias gasosas que conectam todo o espaço, galáxias florescem.

Os filamentos são parte importante da nossa compreensão do universo, mas são extremamente difíceis de detectar, porque são superdifusos e não emitem luz suficiente para serem identificados por telescópios terrestres. Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Science.

Para conseguir finalmente observá-los, os pesquisadores utilizaram um instrumento chamado “Explorador Espectroscópico de Unidades Múltiplas” do Telescópio Muito Grande do Observatório Europeu do Sul (uma organização intergovernamental localizada na Alemanha).

Eles apontaram o telescópio para um grupo de galáxias muito antigas localizadas na constelação de Aquário. A luz das estrelas e buracos negros da região iluminam fracamente os filamentos de hidrogênio que existem entre essas galáxias, permitindo que os pesquisadores mapeiem pelo menos um pedaço dessa teia cósmica.

A imagem resultante, vista abaixo, mostra filamentos de hidrogênio (azuis) se estendendo por mais de 3 milhões de anos-luz e cruzando um aglomerado de galáxias antigas (brancas), situadas a cerca de 12 bilhões de anos-luz de distância da Terra.

Conforme previsto pelos modelos cosmológicos, os filamentos de gás parecem alimentar diretamente as galáxias mais ativas do aglomerado, bombeando hidrogênio para estrelas recém-nascidas e buracos negros famintos.

Vale observar que, embora as evidências coletadas neste estudo sejam as mais convincentes de que a teia cósmica realmente existe, o estudo de estruturas tão distantes e difusas gera algumas limitações.

Por exemplo, é basicamente impossível dizer onde cada filamento começa e termina, de forma que diferentes pesquisadores podem definir suas fronteiras de diferentes maneiras, o que por sua vez pode resultar em imagens potencialmente diferentes da mesma estrutura.

Um novo telescópio ultravioleta espacial poderia nos ajudar a visualizar melhor como essa teia se conecta a galáxias mais jovens e próximas de nós, mas essa possibilidade ainda é remota, uma vez que tal instrumento é complexo e sairia muito caro.

De qualquer forma, pesquisas futuras devem auxiliar os cientistas a mapear ainda melhor a teia cósmica rastreando suas emissões em comprimentos de onda de rádio ou raio-X.

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