Um grupo de cientistas irá utilizar uma técnica chamada microscopia holográfica digital, que usa lasers para gravar imagens tridimensionais, para detectar micróbios extraterrestres na sexta maior lua de Saturno.
Segundo a Caltech, nenhuma sonda desde o programa Viking da NASA, no final da década de 1970, procurou explicitamente a vida extraterrestre. Em vez disso, o foco tem sido encontrar água.
Encélado tem muita água, mas, mesmo que a vida exista de alguma forma microbiana, a dificuldade para os cientistas da Terra é identificar esses micróbios a 790 milhões de quilômetros de distância.
“É mais difícil distinguir entre um micróbio e um pedaço de pó do que pensávamos. É preciso diferenciar o movimento browniano, que é o movimento aleatório da matéria e o movimento intencional e autodirigido de um organismo vivo”, revelou Jay Nadeau, professora de pesquisa de Engenharia Médica e Aeroespacial.
Encélado é a sexta maior lua de Saturno, e é 100 mil vezes menos maciço do que a Terra, tendo uma velocidade de escape – a velocidade mínima necessária para que um objeto escape da superfície – de apenas 239 metros por segundo, quando essa mesma velocidade na Terra é de 11 mil metros por segundo.
A velocidade de escape minúscula de Encélado permite um fenômeno estranho: são expulsos vários gêiseres enormes, que ventilam o vapor de água através de fendas na superfície congelada da lua.
Desde que a sonda de Saturno Cassini voou perto de Encélado em 2005, os cientistas observaram mais de uma centena de gêiseres e afirmam que a água é usada para reabastecer o anel E de Saturno que, de outra forma, iria se dissipar rapidamente. Esta informação fez com que a NASA descrevesse Encélado como um “mundo oceânico” que poderia ter os ingredientes necessários para a vida.
Agora, para estudar o movimento de potenciais micróbios no sexto maior satélite natural de Saturno, Nadeau irá utilizar um instrumento chamado microscópio holográfico digital que foi modificado especificamente para a astrobiologia, revela o estudo publicado na Astrobiology.
Na microscopia holográfica digital, um objeto é iluminado com um laser e a luz que salta do objeto e regressa ao detector é medida. Esta luz dispersa contém informações sobre a amplitude da luz dispersa e sobre a sua fase, uma propriedade que pode ser usada para indicar quão longe a luz viajou após a dispersão.
Com esta informação, os especialistas poderão conseguir reconstruir em um computador uma imagem 3D de Encélado. “O microscópio holográfico digital nos permite ver e acompanhar até os mais minúsculos movimentos”, diz Nadeau.
Além disso, ao marcar os potenciais micróbios com corantes fluorescentes que se ligam a grandes classes de moléculas que provavelmente seriam indicadores de proteínas, açúcares, lipídios e ácidos nucleicos, os cientistas poderão descobrir “do que os micróbios são feitos”.
// ZAP