Estudo explica a frequente homossexualidade dos insetos

Há muitas teorias que explicam a homossexualidade dos insetos, mas um pesquisador encontrou fortes indícios de que o sexo entre machos está relacionado com a falta de capacidade para distinguir as fêmeas.

A homossexualidade em insetos é tão ampla quanto enigmática. Apesar de não haver qualquer contribuição para o objetivo do acasalamento, a propagação de genes para a continuação da espécie, a verdade é que são mais de 100 as espécies de insetos que têm esse comportamento, sendo que em alguns casos acaba por ser mais comum do que o acasalamento entre sexos opostos.

“Por que a evolução permite que continue a existir uma dispendiosa atividade homossexual, quando a reprodução é atingida primariamente pelo acasalamento heterossexual?”, questionou a equipe por trás do estudo mais recente sobre o tema, publicado no Animal Behaviour.

Kris Sales, pesquisador da Universidade britânica de East Anglia, que liderou o estudo, deu alguns exemplos, em entrevista à BBC, para entendermos o porquê de a homossexualidade nos insetos intrigar tanto a comunidade científica.

Assim, no caso do gafanhoto e de outras espécies, “cada ejaculação chega a equivaler a um quarto do seu peso corporal” e “no caso de uma espécie de mosca da fruta, por exemplo, o fluido do sêmen é mais comprido do que todo o seu corpo”.

Esses pormenores intrigantes fizeram com que Sales pesquisasse os motivos pelos quais os insetos preferem o sexo homossexual e chegou à conclusão que não se trata de uma questão de preferência: o biólogo concluiu que a homossexualidade ocorre “porque os machos não reconhecem bem os seus pares“.

Para a experiência foram criados dois grupos de besouros, um com mais machos e outro com mais fêmeas, num total de 300 machos. O besouro foi a espécie escolhida porque tem um ciclo de vida relativamente rápido e “cresce facilmente em um ambiente com farinha, levedura e aveia”.

Ao longo de 50 horas de observação, os cientistas concluíram que no grupo com menos machos, eles passavam o mesmo tempo tentando acasalar tanto com um sexo como com o outro. No entanto, no grupo em que havia menos fêmeas, a competição era maior, e os machos já procuravam mais as parceiras do sexo oposto.

Isso indica que “o comportamento homossexual em insetos, especialmente nestes besouros, não é uma adaptação evolutiva, porque quando existe a pressão da competição, a homossexualidade se torna menos comum“, explica Sales.

A pesquisa sugere que “a homossexualidade em insetos é resultado de uma capacidade limitada em reconhecer o outro sexo, embora não saibamos por que isso ocorre”, conclui.

Agora, a equipe tenta entender o mecanismo exato pelo qual os besouros marrons, que veem muito mal, conseguem identificar as fêmeas.

Ciberia // BBC / ZAP

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …