Provavelmente, nunca passou pela sua cabeça, mas o plástico é uma fonte importante de gases de efeito estufa – especialmente os sacos plásticos, que produzem metano enquanto se degradam.
Essas emissões que, em especial, os sacos plásticos produzem, de metano e etileno, não têm sido levadas em conta nos cálculos dos cientistas sobre a influência nas mudanças climáticas da liberação de gás de efeito estuda na atmosfera, indica o estudo, publicado no dia 1º deste mês na PLOS One.
Os pesquisadores fizeram testes em todos os tipos de produtos, como garrafas de água, sacos, embalagens e produtos industriais, e concluíram que o polietileno, o polímero mais utilizado, era o emissor “mais prolífico”.
Ainda que não tenham sido determinadas as quantidades de gases liberadas, os cientistas advertem que é urgente fazê-lo, tendo em conta as 8 bilhões de toneladas de plástico no planeta, e uma produção que deve duplicar nas próximas décadas.
Citada pela BBC, Sarah-Jeanne Royer, pesquisadora da Universidade do Havaí, explicou que a descoberta foi completamente acidental. Os cientistas mediam o gás metano proveniente da atividade biológica da água do mar, quando perceberam que as garrafas de plástico que usavam com as amostras produziam mais metano do que os insetos aquáticos.
“Foi uma descoberta totalmente inesperada”, afirmou Royer, explicando que membros da equipa de pesquisa utilizavam frascos de polietileno para estudar a produção biológica de metano e estranharam as concentrações muito maiores do que o esperado, descobrindo então que parte das emissões vinha da própria garrafa.
Além disso, a equipe descobriu que o plástico mais usado, o que serve para fazer os tradicionais sacos de supermercado, é o que produz maior quantidade de gases de efeito estufa, que aumenta com a temperatura do planeta. Depois de 212 dias ao sol, esse plástico emitia 176 vezes mais metano do que no início da experiência.
Ao atuar na superfície do plástico, a radiação solar acelera a produção de gás, que acontece mesmo no escuro, explicam os pesquisadores no artigo científico. Até agora, a ligação entre os plásticos e as mudanças climáticas se concentrava no uso de combustíveis fósseis para produzir esses plásticos.
Segundo Ashwani Gupta, cientista da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, o polietileno de baixa densidade emite etileno, metano e propano, mesmo a baixas temperaturas, o que contribui para as emissões de gases de efeito estufa.
Ainda que as quantidades de metano e etileno produzidas a partir do plástico sejam pequenas, Royer fez questão de advertir que à medida que o plástico se rompe, mais superfície fica exposta, aumentando a quantidade de gases que chega à atmosfera.
“Se olharmos para todo o plástico produzido desde 1950, ele está quase todo ainda no planeta, apenas se decompõe em pedaços cada vez menores”, detalhou.
Ciberia, Lusa // ZAP