Michael Cohen, o ex-advogado pessoal de Donald Trump que na terça-feira se declarou culpado em oito acusações, admitiu ter pagado a duas mulheres “a pedido do candidato” e “com a intenção de influenciar as eleições” presidenciais de 2016.
Michael Cohen, advogado e empresário, admitiu culpa em cinco acusações de fraude fiscal, uma de fraude bancária e duas por violação das leis de financiamento das campanhas eleitorais, numa audiência no tribunal federal de Manhattan, Nova York.
O ex-advogado se entregou ao FBI nesta terça-feira (21) após aceitar um acordo judicial com os procuradores federais do estado de Nova York, revelou a CNN.
Inquirido pelo juiz William Paule, Cohen admitiu ter pagado as quantias de 130 mil e 150 mil dólares a duas mulheres que afirmavam ter tido uma relação com Donald Trump em troca do respectivo silêncio, “a pedido do candidato” e “com a intenção de influenciar as eleições” presidenciais, de que Trump sairia vencedor.
Michael Cohen não forneceu os nomes das mulheres, mas os montantes correspondem aos pagamentos já conhecidos feitos a Stormy Daniels, atriz de filmes pornográficos que afirma ter tido uma breve ligação com Trump em 2006, e a Karen McDougal, ex-modelo da Playboy que afirma também ter tido uma ligação com o multimilionário em 2006-2007.
Trump pode ter cometido um crime
As declarações, que implicam que o presidente norte-americano pode ter cometido um crime, foram classificadas de imediato pelos comentaristas como muito graves para Donald Trump, ainda mais por procederem de Cohen, quem chamavam de ‘pitbull’ ou ‘cachorro’ do chefe de Estado, e que aceitou agora cooperar com a Justiça.
Cohen trabalhou durante mais de dez anos para o magnata nova-iorquino do imobiliário e houve uma época em que disse: “levaria um tiro” por ele.
A quase totalidade das acusações de que é alvo é passível de uma pena máxima de cinco anos de prisão, exceto a acusação de declaração fraudulenta a um banco, pela qual arrisca 30 anos de cadeia.
Cohen pode se revelar uma peça fundamental no trabalho de Robert Mueller, que investiga uma possível intervenção russa nas eleições presidenciais de 2016, que tornaram Trump presidente dos EUA. Contudo, ainda não é claro se ex-advogado de Trump está disposto a colaborar.
A inesperada reviravolta se deu no dia em que outro colaborador próximo do presidente, seu antigo diretor de campanha Paul Manafort, foi considerado culpado de oito crimes por um júri, após um julgamento por fraude bancária e fiscal.
Sobre a condenação de Manafort, o presidente reagiu dizendo ser “uma vergonha”, mas sobre a declaração de culpa de Cohen e a cooperação deste com as autoridades judiciais não emitiu publicamente qualquer comentário.
Manafort foi condenado, na terça-feira passada, na Virgínia, por crimes de que foi acusado pelo procurador especial Robert Mueller, encarregado da investigação sobre se houve ingerência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e potencial obstrução da justiça, um processo que o presidente chama de “caça às bruxas”.
Trump disse à imprensa, na chegada a Charleston, na Virgínia ocidental, que a condenação de Manafort “não tem nada a ver com o conluio russo” e sobre os crimes do seu ex-diretor de campanha, foi categórico: “Isso não me envolve”.
Ciberia, Lusa // ZAP