O monte Santa Helena, que faz parte da Cordilheira das Cascatas, no Noroeste dos EUA, é o vulcão mais mortífero da história do país. E há algo estranho dentro dele.
Em 18 de maio de 1980, 57 pessoas e milhares de animais morreram na violenta erupção do Santa Helena, que de tão forte “demoliu” parte da montanha. As cinzas expelidas pelo vulcão chegaram a 11 Estados.
O Monte Santa Helena é o mais ativo dos vulcões do arco vulcânico das Cascatas, que vai do norte da Califórnia à província canadense Colúmbia Britânica.
Mas cientistas americanos constataram que seu núcleo é relativamente frio e que o vulcão está “roubando” calor de algum lugar.
E a grande questão é saber de onde o Santa Helena obtém o magma quente que expele durante suas erupções, a mais recente delas em julho de 2008.
“Nunca tínhamos visto algo do gênero nos vulcões ativos dessa região”, escreveu o geólogo americano Steve Hansen, da Universidade do Novo México, em um estudo publicado na revista científica Nature Communications.
Além do mistério do interior frio, outra peculiaridade do Santa Helena é sua localização.
O Arco da Cascatas fica em uma região geologicamente ativa, em que a placa tectônica de Juan de Fuca entra por baixo da borda ocidental da placa Norte-americana.
Mas embora as montanhas do arco estejam alinhadas, o Santa Helena fica 50 km a oeste do resto dos vulcões.
Rocha fria
Para tentar desvendar o que acontece no vulcão, Hansen e sua equipe instalaram milhares de sensores ao redor da montanha para medir movimentos do terreno.
Os cientistas cavaram 23 buracos no vulcão e os encheram com explosivos, para provocar miniterremotos. Isso permitiu que monitorassem a propagação das ondas sísmicas pela estrutura da montanha e entender o que acontece nas profundezas do Santa Helena.
Em vez de magma, os geólogos encontraram uma camada rochosa demasiadamente fria para ser a fonte de calor do vulcão. De onde, então, o Santa Helena obtém seu magma?
Na opinião dos pesquisadores americanos, a fonte mais provável de magma vem de um depósito localizado ao leste do vulcão, em que as temperaturas ultrapassam 800ºC. Mas eles não têm a menor ideia da razão pela qual o líquido viaja 50 km para ser expelido pelo Santa Helena.
Uma tese é que o material é liberado por terremotos profundos na região, mas os cientistas precisam de mais dados para entender melhor o que está acontecendo.
Pelo menos por enquanto, o Santa Helena continua sendo um mistério. “O Santa Helena é muito incomum”, disse Hansen, em entrevista ao Gizmodo.
“Ele está nos dizendo algo sobre como se comporta o sistema vulcânico da região, mas ainda não sabemos o que é”, conclui Hansen.
// BBC