Uma equipe de biólogos descobriu um micro-organismo incomum em uma lagoa cor-de-rosa na Espanha, capaz de sobreviver em Marte. Este pode ser o primeiro colonizador do Planeta Vermelho.
Os resultados da pesquisa foram apresentados na quinta-feira (20) no Congresso Europeu de Ciências Planetárias, realizado em Berlim, na Alemanha.
A bióloga Rebecca Thombre, do Colégio Moderno de Artes, Ciências e Comércio da cidade indiana de Puna, e o doutor em ciências biológicas Felipe Gomes, do Centro de Astrobiologia de Madrid, na Espanha, recolheram amostras da laguna de Pena Hueca e constataram que a tonalidade cor-de-rosa da lagoa se deve às células vermelhas das algas Dunaliella salina EP-1 – organismos até agora desconhecidos da ciência.
Segundo Thombre, essas algas são seres extremófilos – organismos que sobrevivem em condições extremas – e são, até o momento, as mais tolerantes já encontradas.
Os cientistas destacam que, na maioria dos casos, os micro-organismos não toleram “ambientes hipersalinos“, já que nessas condições a água necessária para que suas células funcionem “tende a escapar” através da membrana celular.
No entanto, a Dunaliella salina EP-1, como o próprio nome sugere, consegue sobreviver em condições salinas porque a lagoa Pena Hueca produz moléculas como o glicerol, que criam um análogo de alta concentração de sal no interior das células, impedindo assim a perda de água.
Os biólogos também conseguiram identificar uma bactéria halofílica, a Halomonas gomseomensis PLR-1 em uma pedra cor-de-rosa submersa na lagoa, rica em sulfatos.
O estudo desse micro-organismo pode fornecer pistas vitais para compreender o papel dos sulfatos no crescimento microbiano e a litopanspermia – teoria segundo a qual os organismos podem ser transferidos através das pedras de um planeta para outro.
“A resistência dos extremófilos na Terra a condições semelhantes às de Marte demonstra seu potencial para prosperar em solo marciano”, sustentou Gomez, ressaltando que a descoberta “tem implicações para a proteção planetária, assim como para o modo como as algas poderiam ser usadas para ‘terraformar’ Marte“, isto é, criar condições para que o Planeta Vermelho conseguisse acolher vida.