Um ex-especialista em fertilização de Ontário, no Canadá, está sendo acusado de ter usado seu próprio sêmen para engravidar pelo menos duas pacientes.
Daniel e Davina Dixon, e sua filha Rebecca, entraram com uma ação civil contra o médico especialista em fertilização Norman Barwin.
Eles recorreram à Justiça depois de descobrirem que Rebecca não era filha biológica de Daniel.
A família quer que Barwin seja punido criminalmente e também cobra dele uma indenização. Os Dixons buscaram os serviços do médico em 1989 para ajudar Davina a engravidar.
Segundo o processo, o médico coletou uma amostra do esperma de Daniel, que o casal acreditava que seria usado para o tratamento de fertilização.
Rebecca, hoje com 26 anos, nasceu em 1990. “Desde que nasceu até hoje, Rebecca, Daniel e Davina acreditavam que Rebecca era a filha biológica de Daniel”, diz o documento.
No entanto, as suspeitas surgiram quando Davina viu um post no Facebook em fevereiro deste ano sobre como seria pouco usual para dois indivíduos de olhos azuis terem um filho com olhos castanhos.
Segundo a genética, os pais com olhos castanhos podem ter filhos com olhos castanhos ou filhos com olhos claros, mas quando ambos os pais têm olhos azuis, seu par de genes são azul-azul, logo só podem transmitir aos filhos os genes de olhos azuis.
“Ela ficou preocupada porque ela e Daniel têm olhos azuis e Rebecca, castanhos“, acrescenta o processo.
‘Semelhança estranha’
A família fez um teste de DNA que confirmou que Daniel não era o pai de Rebecca.
Eles começaram, então, a investigar a história de Norman Barwin. E descobriram que, em 2013, o médico havia sido punido por fazer inseminação artificial em três pacientes com o sêmen errado na clínica de Ottawa. A família também percebeu que Rebecca possuía “uma semelhança física estranha com Barwin”.
Meses depois, Rebecca entrou em contato pela internet com Kathryn Palmer, de 25 anos. No ano passado, Kathryn descobriu que Barwin era seu pai biológico. Os pais dela também foram pacientes do médico.
Rebecca e Kathryn fizeram, então, um segundo exame de DNA, que confirmou que elas eram meias-irmãs.
A advogada que representa os Dixons diz que Barwin pode ter usado seu próprio esperma para engravidar outras pacientes. E acrescentou que, se a hipótese for confirmada, transformará a ação civil em uma ação civil coletiva contra o médico.
Nenhuma das acusações contra Barwin foi provada. O advogado do médico afirmou que vai divulgar um comunicado apresentando sua defesa nas próximas semanas.
O caso guarda semelhanças com o do médico brasileiro Roger Abdelmassih. Especialista em reprodução humana, e um dos pioneiros da fertilização in vitro no Brasil, foi condenado a 278 anos de prisão por abusar sexualmente de suas pacientes enquanto estavam sob efeitos de sedativos.
Segundo relatos, o ex-médico brasileiro teria usado o sêmen de desconhecidos para engravidar algumas das mulheres.
// BBC