Uma equipe de cientistas descobriu evidências de chuva de metano no polo norte de Titã, a maior lua de Saturno. Identificado graças às imagens da última missão espacial da sonda Cassini, o fenômeno meteorológico aponta para o início do verão no hemisfério norte do satélite natural.
Quando Cassini chegou à orbita de Saturno, em meados de 2004, era verão no hemisfério sul de Titã. Anos depois, em 2011, as mudanças atmosféricas foram interpretadas pelos cientistas como o início do inverno no sul do satélite. Contudo, as chuvas esperadas no norte não chegaram a ser detectadas.
“Toda a comunidade [que estuda] Titã estava à espera de ver as nuvens e as chuvas no polo norte do satélite, o que indicaria o início do verão setentrional. Entretanto, e apesar das previsões dos modelos climáticos, nem sequer vimos nuvens”, disse o físico Rajani Dhingra, da Universidade norte-americana de Idaho em Moscou.
O cientista disse que o fenômeno foi batizado como o “curioso caso das nuvens perdidas”.
Depois de todo o tempo de espera, foram finalmente encontradas evidências de chuva a norte de Titã. A equipe de pesquisa encontrou uma região estranha e brilhante que ocupa cerca de 120 quilômetros da superfície da lua.
A área, que não tinha sido até então detectada em imagens anteriores, foi obtida através do espectrômetro de mapeamento visual e infravermelho (VIMS) da sonda Cassini em 7 de julho de 2016.
“Com base no brilho geral, nas características espectrais e no contexto geológico, atribuímos a nova característica encontrada às espetaculares reflexões de uma superfície sólida molhada pela chuva – como uma calçada molhada refletida pelo Sol”, exemplificaram os autores no artigo científico, publicado na revista especializada Geophysical Research Letters.
Segundo escrevem na publicação, o brilho visível é resultado da chuva de metano em uma superfície semelhante a uma pedra, seguida, provavelmente, de um período de evaporação. Esta é a primeira evidência de chuva de verão no hemisfério norte de Titã.
Não obstante ao fato desse satélite natural ser bastante diferente da Terra, seu clima é semelhante ao nosso em vários aspectos: uma estação em Titã dura, em média, 7,5 anos terrestres, embora a duração varie, uma vez que a órbita de Saturno é irregular.
Ciberia // ZAP