Uma pesquisa sobre uma das partes oceânicas com o maior aumento de temperatura registrado permitiu verificar a redução da superfície das águas árticas, que podem se converter em parte do oceano Atlântico.
Sigrid Lind, cientista do Instituto de Pesquisa Marinha de Tromso, na Noruega, afirmou que no norte do Mar de Barents, “o foco do aquecimento do Ártico” – ao norte da Escandinávia e a leste do arquipélago Svalbard –, foi registrado um rápido aumento da temperatura desde 2000.
Esse problema se agravou devido ao fato de o oceano Atlântico começar a ganhar terreno, transformando as características da água. Antes, no norte do Mar de Barents, havia gelo marinho flutuante que, quando derretia, mantinha a água fria à superfície e contribuída para que a mais quente, originária do Atlântico, permanecesse por baixo.
Quando a quantidade de massa gelada diminuiu, a água atlântica ganhou terreno, aqueceu o mar e o deixou ainda mais salgado. Isso resultou em uma drástica alteração da estrutura oceânica e fez com que o gelo na superfície desaparecesse “quase completamente”.
Lind concluiu que “a região tem mudado rapidamente para um clima atlântico“. A menos que a entrada de água doce seja recuperada, essa mudança pode acabar com a estrutura de água quente, tornando-a “parte do domínio do Atlântico”, fazendo com que os habitantes do Ártico sejam forçados a migrar para o norte.
Além disso, a mudança também pode ter grandes consequências climáticas que já devem estar em andamento, alertam os cientistas. Jennifer Francis, perita do Ártico da Universidade Rutgers, disse que a perda de gelo no Mar de Barents pode atrapalhar a corrente atmosférica, levando a um clima extremo na Eurásia, especialmente no inverno.
Os resultados da pesquisa de Lind e equipe foram publicados recentemente na Nature Climate Change e ressaltam que a divisão entre o Atlântico e o Ártico não é apenas geográfica: é também de natureza física. “Queremos mostrar: o gelo que irá desaparecer do Mar de Barents não voltará“, diz Lind.
Ciberia // ZAP