Os advogados de Carlos Ghosn pediram nesta terça-feira (2) a um tribunal de Tóquio para dissociar o processo movido contra o executivo da ação movida contra a montadora Nissan. Eles argumentam que um caso conjunto seria uma “violação ao direito de um julgamento justo” de Ghosn.
O advogado Junichiro Hironaka disse a repórteres que a corte estava planejando processar Ghosn, seu ex-braço direito Greg Kelly e a Nissan num mesmo caso e que depositou uma petição para que os casos sejam separados e julgados por juízes diferentes.
Libertado em 6 de março sob fiança depois de meses na prisão, Carlos Ghosn, que está proibido de deixar o Japão, foi acusado de dissimular aos acionistas 9,2 bilhões de ienes (74 milhões de euros) em ganhos pessoais entre 2010 e 2018 nos relatórios da companhia. Ele também foi acusado de vários casos de abuso de confiança.
A Nissan também está sendo acusada de ter divulgado documentos para os acionistas com informações falsas. O julgamento no Japão deve começar em setembro.
Depósitos suspeitos em Omã
Na França, a Renault alertou a justiça sobre uma segunda suspeita envolvendo Ghosn: depósitos de milhões de dólares, emitidos pela presidência, para uma concessionária de Omã, no Golfo Pérsico, recompensada pelo sucesso na venda de carros Nissan e Renault.
Os auditores encarregados de analisar as contas se surpreenderam ao constatar gastos com marketing em Omã efetuados pela presidência do grupo em Paris, enquanto essas despesas entram normalmente nos orçamentos regionais.
Segundo uma fonte próxima ao caso, as novas informações foram entregues na sexta-feira (29) à Procuradoria de Nanterre (Hauts-de-Seine), que já havia iniciado uma investigação sobre o financiamento do casamento de Carlos Ghosn no castelo de Versalhes, em outubro de 2016.
Aluguel de Versalhes com contrapartida
O franco-libanês brasileiro é suspeito de ter conseguido vantagens no aluguel do Palácio de Versalhes e do Grand Trianon para a organização de seu casamento, um serviço avaliado em 50 mil euros, em contrapartida de um acordo de patrocínio assinado entre o estabelecimento público e a montadora.
A investigação, confiada ao Escritório Central de combate à corrupção e infrações fiscais e financeiras (OCLCIFF), foi aberta após o acionamento da Renault no início de fevereiro.
Um conselho de administração da fabricante está marcado para quarta-feira (3) a fim de preparar a próxima assembleia geral de acionistas.
A remuneração de Carlos Ghosn para 2018 deve ser discutida, bem como a renovação dos diretores que chegaram ao final de seus mandatos. A reunião também será uma oportunidade para rever os resultados da investigação interna.
// RFI