Uma antropóloga norte-americana identificou os ossos de galinha mais antigos de África, contendo marcas de dentes humanos, que estão ajudando a descobrir como é que estes animais, hoje presentes um pouco por todo o mundo, fizeram a travessia do Mar Vermelho.
Escavados na aldeia de Mezber, no norte da Etiópia, esses ossos datam do ano 819 a.C., ou seja, estamos perante “as galinhas mais antigas de África” descobertas até hoje, conforme sustenta a líder do estudo, Helina Woldekiros, pesquisadora de antropologia na Universidade de Washington, nos EUA.
Em comunicado da instituição, Helina Woldekiros nota que essas galinhas ancestrais “antecedem as mais antigas galinhas egípcias conhecidas em pelo menos 300 anos, e destacam trocas precoces de faunas exóticas no Corno de África durante o início do primeiro milénio antes de Cristo”.
Os ossos mais antigos de galinhas domesticadas que se conheciam até agora datavam de 685 a 525 a.C., indiciando que esses animais terão chegado a África através do Egito e do vale do Nilo há 2.500 anos.
Mas os vestígios encontrados em Mezber fornecem “as provas mais antigas diretamente datadas da presença de galinhas em África e apontam para o significado do Mar Vermelho e das rotas comerciais do leste africano na introdução da galinha” no continente, sublinha Woldekiros.
Os autores do estudo, publicado no International Journal of Osteoarchaeology, realçam que a descoberta da Etiópia “apoia dados arqueológicos, genéticos e linguísticos anteriores que sugerem que redes de trocas marítimas com a Arábia do Sul, através de portos ao longo da costa africana do Mar Vermelho, constituem uma possível rota inicial de introdução das galinhas em África”.
“É provável que as pessoas tenham levado galinhas para a Etiópia e o Corno de África repetidamente, durante um longo período de tempo – cerca de mil anos”, destaca Woldekiros, salientando como sua investigação ajuda a compreender a agricultura e as trocas comerciais dos velhos tempos.
A costa africana do Mar Vermelho terá representado um papel principal na “distribuição global” não apenas de galinhas, mas também de “outros produtos agrícolas”, realça a pesquisadora.
SV, ZAP