Alvos de uma violenta represália dos narcotraficantes, os policiais mexicanos foram obrigados a soltar Ovidio Guzmán López, um dos filhos do célebre El Chapo, do cartel de Sinaloa, pouco depois de prendê-lo, nesta quinta-feira (17) na cidade de Culiacán. O caso revela a impotência das autoridades diante dos criminosos.
A polícia foi vítima de uma emboscada em uma casa em Culiacan, onde Guzmán foi detido, nesta quinta-feira (17). Diante de dezenas de narcotraficantes, equipados com armas pesadas, os agentes se sentiram obrigados a deixar o local e libertar o prisioneiro, como explicou o secretário de Estado para a Segurança e a Proteção dos cidadãos, Alfonso Durazo, ao jornal mexicano l’Expresso.
O filho de um dos traficantes mais conhecidos do mundo foi detido com outras três pessoas durante uma operação após um ataque a um carro da Guarda Nacional, revelou o secretário de Segurança e Proteção Cidadã, Alfonso Durazo. O ataque partiu do interior de uma casa e a unidade da Guarda Nacional “repeliu a agressão e tomou o controle da residência, localizando em seu interior quatro pessoas, incluindo Ovidio Guzmán López“, também conhecido como Ivan, disse Durazo.
A ação fez com que “vários grupos de delinquentes cercassem a casa com uma força superior à da patrulha”, o que provocou o tiroteio. “Além disso, outros grupos realizaram ações violentas contra a população em vários pontos da cidade, gerando uma situação de pânico”, declarou Durazo. Segundo integrantes do governo de Sinaloa, o tiroteio começou às 16h00 (18h de Brasília) e alguns policiais ficaram feridos.
Segundo a imprensa mexicana, entre eles os canais Milenio TV e Televisa, diversos tiros foram trocados entre os civis e as forças de segurança mexicanas em Culiacan, no noroeste do país. Os confrontos ocorreram na parte da tarde nas ruas da cidade de 750.000 habitantes. Carros foram incendiados e os habitantes foram obrigados a se esconder dentro de casa. Em meio à confusão, vários presos fugiram da prisão local de Aguaruto.
Cartel dividido
O poderoso cartel de Sinaloa está dividido entre os filhos de El Chapo, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos, e Ismael “El Mayo” Zamabada, antigo sócio do chefe do narcotráfico. Ovídio e seu irmão Alfredo teriam assumido a liderança de uma parte do cartel de Sinaloa, desde a extradição de seu pai para os EUA, em janeiro de 2017.
Em agosto de 2016, os dois irmãos escaparam de um ataque quando estavam em um restaurante de Puerto Vallarta, Jalisco, que as autoridades atribuíram ao Cartel Jalisco Nova Geração, um grupo adversário.
“El Chapo Guzmán”, que foi o narcotraficante mais poderoso do planeta, escapou em 2001 da prisão de Puente Grande, na primeira de suas fugas espetaculares. Foi recapturado em fevereiro de 2014, mas 17 meses depois protagonizou outra fuga, desta vez de uma prisão de segurança máxima. Ele foi preso pela terceira vez em janeiro de 2016 e, no ano seguinte, extraditado para os Estados Unidos.
// RFI