Metade da cidade está debaixo d’água, atingida pela pior cheia em 53 anos. O nível subiu 187 cm na terça-feira (12), o segundo mais alto desde 1966. A situação levou o governo a decidir decretar estado de emergência por catástrofe natural. Os prejuízos são orçados em cerca de € 1 bilhão.
Os 50.000 habitantes do centro, local tombado pela UNESCO como patrimônio mundial da humanidade, foram acordados na manhã desta quinta-feira (14) pelas sirenes de alarme, mas o nível da água diminuiu em relação a terça-feira, atingindo 1,13m de altura.
Na piazza de San Marco, os turistas passeavam sem maiores preocupações – cerca de 36 milhões de pessoas visitam o local todos os anos, sendo que 90% deles são estrangeiros.
A expectativa é de que, na sexta-feira (15), o nível da água atinja 1,45m. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, que está na cidade desde a véspera, participou de uma reunião de crise na Secretaria de Segurança Pública e deu uma volta de barco na cidade. A maior parte das lojas continuava de portas fechadas, assim como museus e escolas.
Segundo o premiê italiano, o Consselho de Ministros também deve se reunir nessa tarde para adotar o decreto e desbloquear ajuda financeira, indenizar a população e os comerciantes. O procedimento é adotado com frequência na região, alvo frequente de terremotos, desabamentos e erupções vulcânicas.
No dia 26 de novembro, o governo convocará um comitê especial sobre Veneza, para discutir a gestão dos problemas que envolvem a cidade e, particularmente, suas infraestruturas. Entre as questões abordadas, está um projeto prevendo que os navios de turismo contornem o centro histórico, preservando o local. O governo também pretende construir diques para proteger a lagoa.
Veneza, construída sob palafitas, corre o risco de desaparecer. A cidade já “afundou” 30 cm no mar Adriático em um século. Para o ministro do meio-ambiente, Sergio Costa, a situação piorou com o aquecimento global, as chuvas intensas e o vento. Os ecologistas também criticam a expansão do porto industrial de Marghera, situado na frente de Veneza, e o “desfile” de navios turísticos.
// RFI