Presidente dos EUA promete impor tarifas sobre importação de aço e alumínio do Brasil e Argentina, acusando-os de desvalorizarem suas moedas de forma “maciça”. Bolsonaro diz que vai falar com Trump.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta segunda-feira o Brasil e a Argentina de desvalorizarem suas moedas de forma “maciça” e disse que vai voltar a impor tarifas sobre importações de aço e alumínio de ambos os países.
“O Brasil e a Argentina estão presidindo uma desvalorização maciça de suas moedas”, afirmou o republicano em seu canal no Twitter, acrescentando que isso está prejudicando os agricultores americanos. “Por isso, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todo o aços e alumínio enviados para os EUA a partir desses países”, escreveu.
Trump também pediu ao Federal Reserve (banco central americano) para “agir da mesma forma”, a fim de que outras nações não “tirem vantagem do nosso dólar forte, desvalorizando ainda mais suas moedas”. E completou: “Isso torna muito difícil para nossos fabricantes e agricultores exportarem seus produtos de maneira justa.”
Respondendo sobre o tema diante do Palácio da Alvorada nesta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse que, “se necessário”, vai conversar com Trump a respeito das tarifas sobre o aço e alumínio importados do Brasil, afirmando ter “canal aberto” com o presidente americano. Bolsonaro também anunciou que conversará sobre o assunto com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Posteriormente, em entrevista à Rádio Itatiaia, o presidente disse não considerar a decisão de Trump retaliação. “Primeiro é munição para pessoal opositor meu aqui no Brasil”, afirmou. “A economia deles não se compara com a nossa, é dezena de vezes maior do que a nossa. Não vejo isso como retaliação. Vou conversar com ele [Trump] para ver se não nos penaliza com a sobretaxa no preço do alumínio”, acrescentou Bolsonaro.
No começo do ano, Trump impôs tarifa de importação global de 25% ao aço e 10% ao alumínio. A sobretaxação foi uma medida americana no contexto da intensa guerra comercial entre Estados Unidos e a China.
No fim de agosto, o governo dos EUA flexibilizou as importações desses produtos: companhias americanas que negociassem aço do Brasil não precisariam pagar a sobretaxa de 25% sobre o preço original, desde que provassem ausência de matéria-prima no mercado interno. O Brasil está entre os principais fornecedores de aço e ferro para os Estados Unidos.
Ao se referir às tarifas sobre o aço e o alumínio num tuíte subsequente, o presidente americano afirmou que os mercados dos EUA estavam “em alta de até 21%” desde então.
Desde o início do ano, o dólar já subiu quase 10% em relação ao real, o que barateia as exportações brasileiras. Na sexta-feira, a moeda americana voltou a subir, atingindo, em valores nominais (desconsiderando a inflação) o segundo maior nível desde a criação do real. O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 4,241, com alta de R$ 0,025 (+0,58%).
Em reação ao anúncio de Trump, o Instituto Aço Brasil, que representa empresas do setor, afirmou ter recebido a decisão com “perplexidade”, que ela não é boa para os “agricultores dos EUA” e prejudicará a indústria americana que “necessita dos semiacabados exportados pelo Brasil”.
“A decisão de taxar o aço brasileiro como forma de ‘compensar’ o agricultor americano é uma retaliação ao Brasil, que não condiz com as relações de parceria entre os dois países”, acrescenta a nota do Instituto Aço Brasil.