Uma equipe de cientistas concluiu que a maioria das cobras no deserto de Kalahari, na África, optavam por comer exemplares da mesma espécie.
Segundo o Live Science, o ato de comer cobras, também chamado de “ofiofagia”, é bastante comum em alguns animais, como é o caso de pássaros, lagartos e até mesmo algumas cobras.
Com isso em mente, Bryan Maritz, pesquisador da Universidade do Cabo Ocidental, na África do Sul, e sua equipe começaram a estudar algumas cobras no deserto de Kalahari. No entanto, os cientistas foram surpreendidos quando viram uma Naja nivea devorando outra, exatamente da mesma espécie.
“Fomos recebidos não por dois machos em combate como inicialmente pensávamos, mas sim por uma grande cobra macho no processo de engolir um macho menor [da mesma espécie]”, escreveram os cientistas no estudo publicado, esta semana, na revista científica Scientific Naturalist.
“Em vez de capturar dois potenciais animais de estudo, encontramos um animal bem alimentado, agora conhecido como NN011, ou mais casualmente, Hannibal”, acrescentam.
De acordo com o mesmo site, as preferências gastronômicas de Hannibal fizeram os pesquisadores pensar se as cobras canibalizam sua espécie de forma frequente. Embora o canibalismo nesse tipo de animal já tenha sido observado em estudos anteriores, é normalmente associado a um comportamento anômalo.
Para testar se a tendência canibal pode realmente existir, Maritz e seus colegas compilaram a história dietética abrangente de seis espécies diferentes de cobras africanas.
Além de observar cobras selvagens como Hannibal, a equipe analisou décadas de literatura científica, boletins de herpetologia, boletins de museus e postagens nas redes sociais, à procura de referências sobre o consumo canibal de cobras.
Pelo visto, a ofiofagia é bastante comum entre as cobras. A cobra-real, ou Ophiophagus Hannah, foi literalmente batizada por esse mesmo comportamento, como se pode verificar pelo nome da espécie.
“Descobrimos que as cobras correspondem entre 13% a 43% de todas as espécies de presas detectadas nas dietas das cobras selvagens”, escreveram os autores no estudo. Além disso, das seis cobras estudadas, cinco foram observadas comendo a própria espécie.
As Naja nivea, cobra de cor amarela encontrada apenas no sul do continente africano, provaram ser as mais canibais do grupo. Em uma amostra de 148 espécimens, as cobras optaram por canibalizar as da própria espécie em cerca de 4% das refeições.
Por que isso acontece? Por enquanto, os cientistas só podem especular, mas Maritz e colegas suspeitam que esteja relacionado com uma competição de cariz sexual, isto porque, em todas as situações canibais observadas, os dois espécimens eram machos.
Ciberia // ZAP