Em cúpula em Paris, presidentes concordam em retomar processo de paz e prometem troca de todos os prisioneiros até o fim deste ano. Apesar de avanços, divergências sobre eleições em regiões separatistas permanecem.
Os presidentes ucraniano, Volodimir Zelenski, e russo, Vladimir Putin, chegaram nesta segunda-feira (09/12) a um acordo para dar continuidade ao processo paz no conflito separatista no leste da Ucrânia. O avanço foi anunciado no fim da cúpula em Paris, que reuniu ainda os chefes de Estado e de governo de Alemanha e França.
Zelenski e Putin se encontraram pela primeira vez na cúpula que visava solucionar o conflito entre tropas ucranianas e separatistas que já dura mais de cinco anos. Desde 2014, essa guerra já matou cerca de 13 mil pessoas. Em 2015, um acordo de paz foi negociado entre Ucrânia e Rússia, mas poucos avanços foram feitos desde então.
“A Rússia fará de tudo o que depender dela para o fim deste conflito”, afirmou Putin, em entrevista coletiva, ao lado de Zelenski, da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente francês, Emmanuel Macron.
Na coletiva, Zelenski e Putin anunciaram que se comprometeram a trabalhar para o cessar-fogo no conflito e para a troca de todos os prisioneiros até o final deste ano. Esse processo será organizado pelo Grupo de Contato Trilateral, formado por representantes de Rússia e Ucrânia, e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE). A única troca de prisioneiros ocorreu em setembro.
Os presidentes também se comprometeram a apoiar um acordo sobre o estabelecimento de pontos de travessia ao longo da linha de frente que se estende por mais de 500 quilômetros. Eles ainda expressaram a intenção de estabelecer condições de segurança e políticas para a realização de eleições locais em Donbass.
Zelenski disse estar convencido de que todas as partes desejam “bons resultados” e que “haverá um cessar-fogo efetivo” até o fim deste ano.
A cúpula em Paris buscava retomar a implementação do roteiro para a paz que foi estabelecido pelo Protocolo de Minsk, de 2015, embora ele ainda tenha que ser ratificado. Todos os lados – o Kremlin, os separatistas do leste ucraniano apoiados por Moscou, e o governo em Kiev – se acusam mutuamente pelo impasse.
Putin disse que a cúpula foi um “passo importante” para reaquecer as negociações. “O processo está se desenvolvendo na direção certa”, destacou. Além do encontro com Merkel e Macron, Zelenski e Putin tiveram uma reunião bilateral, descrita pelo presidente russo como “boa”.
Merkel afirmou também estar “muito satisfeita” com o resultado da cúpula. “Hoje superamos a paralisação”, disse, acrescentando que os líderes chegaram a acordos sobre “coisas realistas”. “Agora precisamos continuar trabalhando muito, muito mesmo, não há dúvida sobre isso”, destacou na coletiva.
Apesar de não terem alcançado um calendário para as eleições nas regiões de conflito, Macron disse que espera que nos próximos quatro meses essa questão seja solucionada. Kiev deseja retomar o controle na fronteira com a Rússia antes do pleito e não somente depois como previa o pacto assinado em Minsk. Moscou se recusa a mudar esse quesito. Putin defende que o governo ucraniano conceda autonomia às regiões controladas por rebeldes.
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