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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, na inauguração da nova ponte com ligação à Crimeia
O presidente russo inaugurou, na terça-feira (15), a ponte que liga a Rússia à península da Crimeia, região da Ucrânia anexada pelo país em 2014, com as autoridades de Kiev acusando-o de “desrespeito” ao direito internacional.
Segundo imagens da televisão russa, que transmitiu a cerimônia ao vivo, ao volante de um caminhão pesado cor de laranja, Vladimir Putin atravessou, à buzinadas, os 19 quilômetros da nova “Ponte da Crimeia”, que liga a península de Taman, no sul da Rússia, à Kertch.
Atrás do caminhão conduzido pelo chefe de Estado, veículo utilizado nos trabalhos de construção da ponte, e acompanhado por vários trabalhadores, seguiu cerca de uma dezena de outros caminhões e automóveis ligados às obras, às autoridades e à segurança.
“Em vários momentos da história, mesmo nos tempos do czar, as pessoas sonhavam com a construção dessa ponte. Tentaram nos anos 30, 40 e 50 e, finalmente, graças ao trabalho e ao talento de vocês, esse projeto, esse milagre aconteceu“, disse Putin aos trabalhadores, citado pelo Diário de Notícias.
“Dez mil pessoas trabalharam na construção, 15 mil nos momentos de maior trabalho. Quase 220 empresas estiveram envolvidas. De fato, todo o país trabalhou nisso. O resultado é magnífico. Torna a Crimeia e a lendária Sebastopol mais fortes e nos aproxima”, declarou ainda o presidente russo.
Em Kiev, o primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Groisman, reagiu de imediato e acusou a Rússia de “desrespeito ao Direito Internacional” pela construção e inauguração da nova ponte. “O ocupante russo continua desrespeitando o Direito Internacional. A Rússia vai pagar bem caro”, ameaçou.
Vestido informalmente, Putin chegou a Kertch procedente de Sochi, também nas margens do Mar Negro. A construção da ponte começou em fevereiro de 2016 e custou 228 bilhões de rublos, cerca de R$ 13 bilhões.
A ponte inclui quatro faixas para automóveis (duas em cada direção), abertas ao tráfego a partir da meia-noite desta quarta-feira, e duas vias férreas, uma em cada sentido, cujas obras deverão estar concluídas no fim de 2019.
A construção da ponte para ligar a Crimeia à Rússia continental sem passar por território ucraniano foi uma das promessas de Putin após a anexação da península.
A União Europeia classificou a ponte como “uma nova violação da soberania”. A Rússia construiu a infraestrutura “sem o consentimento da Ucrânia”, frisou uma porta-voz do serviço de ação externa da UE. “Isso constitui uma nova violação da soberania e da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia”, afirmou.
A anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, ainda hoje não é reconhecida pela comunidade internacional. “A construção de uma ponte visa prosseguir a integração forçada da península anexada ilegalmente na Rússia e seu isolamento da Ucrânia, de que continua a fazer parte”, disse a porta-voz europeia.
A ponte, destacou, limita “a passagem dos navios pelo estreito de Kertch até os portos ucranianos no Mar de Azov”. A UE “continua a condenar a anexação ilegal da Crimeia e de Sebastopol pela Rússia e não irá reconhecer essa violação do direito internacional”.
Segundo o Diário de Notícias, a nova estrutura, de 19 quilômetros, tira o título de maior ponte da Europa da ponte Vasco da Gama, em Lisboa.
Ciberia, Lusa // ZAP