Uma pesquisa da Universidade de Harvard e Universidade Columbia utilizou uma nova técnica de imagem infravermelha para determinar que as asas das borboletas são vivíssimas – contêm uma rede de células com o propósito de regular sua temperatura.
Antes, parecia que as belas asas coloridas desses insetos atingiam seu esplendor por meio de células mortas.
Agora, os pesquisadores sabem que esse não é o caso, e que elas possuem na verdade até mesmo um “coração”, que bate algumas dezenas de vezes por minuto para controlar o fluxo sanguíneo.
Para entender melhor essas estruturas complexas nas asas das borboletas, a equipe teve que desenvolver uma tecnologia de infravermelho e utilizá-la para analisar amostras de asas de mais de 50 espécies.
Para recriar o ambiente natural das borboletas, os pesquisadores simularam a luz do sol usando uma lâmpada. Eles descobriram que as células vivas nas asas dos insetos podem identificar a direção e intensidade da luz, reagindo de acordo para manter uma temperatura ideal – por exemplo, fechando-se ou inclinando-se.
Uma câmera térmica customizada registrou esse processo de resfriamento das asas, destacando os locais pelos quais o calor era dissipado. A câmera não invasiva foi fundamental para observar as estruturas frágeis das asas sem perturbá-las.
“Isso tem sido difícil de fazer até agora por causa da fineza e delicadeza das asas das borboletas”, disse uma das autoras do estudo, a entomologista Naomi E. Pierce da Universidade de Harvard.
No final do estudo, os cientistas haviam produzido mapas coloridos da distribuição de temperatura nos insetos. Os mapas de calor mostram a faixa estreita de temperatura na qual as borboletas sobrevivem melhor – suas asas ficam rapidamente superaquecidas no sol, enquanto o frio pode diminuir o fluxo sanguíneo e limitar seus movimentos.
De acordo com Adriana Briscoe, bióloga evolucionária da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA) que também estuda a termorregulação em borboletas, a elevação das temperaturas no mundo todo pode impor dificuldades de adaptação a esses animais.
Segundo os pesquisadores, as técnicas de regulação da temperatura nas asas das borboletas podem nos ajudar a desenvolver melhores aeronaves resistentes ao calor.
Isso seria muito útil, uma vez que aviões comerciais já foram forçados a pousar devido a altas temperaturas. Um artigo detalhando as descobertas foi publicado na prestigiada revista científica Nature.
“Esta é uma inspiração para projetar as asas de máquinas voadoras. Talvez o design das asas não deva basear-se apenas em considerações da dinâmica de voo”, disse Nanfang Yu, físico da Universidade de Columbia e outro autor do estudo, em um comunicado à imprensa.
// HypeScience