Enheduanna viveu no século 23 antes da nossa era na Mesopotâmia. Princesa, sacerdotisa e poeta, ela pode se orgulhar de ter sido a primeira autora do mundo a ter seu nome conhecido em uma época em que era comum que escribas não assinassem seus trabalhos.
A escritora era filha do rei Sargão, o Grande. Fundador da dinastia acadiana, Sargão ficou famoso por conquistar as cidades-estado sumérias. Seu império se estendia por toda a Mesopotâmia, em um território que seria equivalente a regiões onde hoje se encontram partes do Irã, Iraque e Síria, e possivelmente da Anatólia e da península Arábica.
Nesse contexto, Enheduanna era uma princesa de um grande império, mas também exercia o ofício de alta sacerdotisa na cidade de Ur (região localizada onde hoje fica o Iraque). Seu nome reflete estas funções: “en” significa “alta sacerdotisa”, enquanto “heduanna” quer dizer “adorno do céu”, embora também possa se referir ao deus Anu ou à deusa Inanna.
A primeira escritora conhecida do mundo compos vários trabalhos literários, como resgata o The Conversation. Sua produção inclui dois hinos à deusa mesopotâmica do amor Inanna, o mito de Inanna e Ebih e uma coleção conhecida como “Hinos Sumérios do Templo” (são 42 no total!).
Antes de Enheduanna, outras obras foram escritas, mas seus autores ou autoras permaneceram anônimos. Apesar disso, os trabalhos da escritora eram assinados e com frequência envolviam referências à sua própria biografia.
As tradições escribas no mundo antigo costumam ser consideradas uma área masculina, mas as obras de Enheduanna provam que a literatura da Mesopotâmia também tinha assinatura feminina.
Além da princesa, muitas esposas de reis também compunham ou encomendavam poesias. A presença de mulheres alfabetizadas entre os sumérios era tão forte que eles inclusive adoravam uma deusa escriba, Nidaba.
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