Tânia Rêgo / Agência Brasil

Ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

Inspetores e agentes penitenciários que atuam em Bangu fizeram um bolão, ontem, no grupo do WhatsApp, para ver quem rasparia a cabeça do ex-governador Sérgio Cabral.

Inspetores e agentes penitenciários que atuam em Bangu fizeram um bolão, ontem, no grupo do WhatsApp, para ver quem rasparia a cabeça do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Em julho, foi o empreiteiro Fernando Cavendish, ex-aliado de Cabral, que teve fotos vazadas na internet com a cabeça raspada e o traje verde do sistema prisional.

O ex-governador Sérgio Cabral foi preso pela Polícia Federal esta quinta-feira (17) no Rio de Janeiro, numa ação que surgiu a partir da delação homologada de executivos da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia, e que até às 6h30 também havia prendido Wagner Jordão Garcia.

Também o ex-secretário de Obras de Cabral, Hudson Braga, foi preso ontem. Braga, que chegou a integrar o governo Pezão, foi coordenador de Infraestrutura e Integração Governamental, que absorvera Obras, ficando três semanas na pasta em 2015.

Decepcionado por não comandar também o Detran e as verbas de publicidade, lançou mão de um blefe: pediu que fosse exonerado. Pezão concordou.

‘Ão’ e ‘Inho’

O que se diz nos bastidores é que se ‘Ão’ e ‘Inho’, dois ex-assessores de Cabral, abrirem o bico, podem comprometer gente graúda que integrou o secretariado do ex-governador. Um ex-assessor é conhecido por um aumentativo; o outro, por um diminutivo.

Presos ontem na Operação Calicute, José Orlando Rabelo e David Augusto Sampaio já atuaram na Assembleia Legislativa. O primeiro no gabinete de Jorge Picciani (PMDB); o segundo no de Zaqueu Teixeira (PDT). Ambos entre 2015 e 2016, período em que Cabral já não estava mais no governo.

De um experiente político: “As prisões de Garotinho e Cabral dão margem para o surgimento de novas lideranças no estado. Ainda não sabemos quem.”

A prisão de Cabral ontem não esfriou a possibilidade de vereadores do PMDB assumirem secretarias no governo de Marcelo Crivella (PRB). Dos dez peemedebistas eleitos, o futuro prefeito já conversou com nove — pessoalmente ou por meio de interlocutores.

Aliado de Crivella encarregado de fazer o elo com a Câmara Municipal, Jorge Braz (PSB), vereador que não se reelegeu, tem desagradado à bancada do PMDB. “Ele não tem experiência e não sabe dialogar. É muito fraco”, dizem peemedebistas.

Mas as duas secretarias em que o PMDB está de olho (Conservação e Envelhecimento Ativo)devem ser extintas por Crivella. A primeira será incorporada à de Obras; a segunda, à de Desenvolvimento Social ou de Saúde.