Após nem três meses no cargo, atriz vai agora assumir a Cinemateca Brasileira, anuncia Bolsonaro, que nega “fritura”. Saída dela é quarta troca no comando da secretaria.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira que a atriz Regina Duarte deixará de comandar a Secretaria Especial da Cultura. Ela assumirá a Cinemateca Brasileira.
“Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias”, escreveu o presidente no Twitter.
Em vídeo que acompanha a publicação, a atriz pergunta a Bolsonaro se ele a estava “fritando”. “Regina, toda semana tem um ou dois ministros que, segundo a mídia, estão sendo fritados. O objetivo é sempre desestabilizar a gente e tentar jogar o governo no chão. Não vão conseguir. Jamais eu ia fritar você“, responde Bolsonaro.
Relatos na imprensa brasileira afirmam que a chamada ala ideológica, em torno de Olavo de Carvalho, pressionava pela saída de Regina Duarte do governo. No fim de abril, Bolsonaro sinalizou que os dias dela à frente da Secretaria da Cultura poderiam estar contados ao afirmar que ela tinha dificuldades relacionadas a “questões de ideologia de gênero”.
“Infelizmente, a Regina está em São Paulo. Está trabalhando pela internet ali. E eu quero que ela esteja mais próxima. É uma excelente pessoa, um bom quadro. É também uma secretaria que era ministério. Muita gente de esquerda pregando ideologia de gênero. Essas coisas todas é que a sociedade, a massa da população, não admite. Ela tem dificuldade nesse sentido”, disse o presidente.
Regina Duarte ficou menos de três meses no cargo, que assumiu em 4 de março, depois de romper um contrato de 50 anos com a Rede Globo. Ela aceitou o comando da Secretaria da Cultura no fim de janeiro, após encontros com Bolsonaro.
Na época, o presidente disse que havia iniciado “um noivado” com a atriz. Regina Duarte disse que estava “noivando” antes de confirmar se assumiria o posto. Quando confirmou, ela falou em casamento. O termo divórcio foi evitado pelos dois nesta quinta-feira.
A saída dela é a quarta troca no comando da Secretaria da Cultura. A atriz, que havia declarado seu apoio a Bolsonaro antes das eleições presidenciais de 2018, havia substituído Roberto Alvim, que foi demitido após uma onda de repúdio por causa de um discurso no qual ele fez uso de trechos plagiados de uma fala do antigo ministro nazista Joseph Goebbels (1897-1945).
A Cinemateca Brasileira cuida da preservação da produção audiovisual brasileira e é ligada à Secretaria da Cultura.