Embora tenham excelentes habilidades auditivas, pesquisa indica que vocabulário canino é limitado e que cachorros não têm a capacidade cerebral de processar detalhes fonéticos.
Ao contrário do que muitos donos pensam, os cachorros podem aprender a reconhecer apenas um número limitado, e bastante pequeno, de palavras, revelou um estudo do Departamento de Etnologia da Universidade Eötvös Loránd, na Hungria, divulgado nesta quarta-feira.
Segundo o estudo, publicado na revista científica The Royal Society Open Science, apesar de terem capacidades “notáveis de cognição social e comunicação”, além de habilidades auditivas semelhantes às humanas para analisar sons da fala, os cachorros têm dificuldades de processar detalhes fonéticos.
“Os cachorros podem não captar todos os detalhes do som da fala quando escutam palavras”, analisou Attilla Andics, um dos autores do estudo, em comunicado.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores mediram a atividade cerebral de 17 cães por meio da eletroencefalografia (EEG) – na qual eletrodos são colocados na cabeça dos animais. Durante os estudos, os cachorros ouviam palavras de instrução familiares e outras sem sentido algum – foneticamente semelhantes ou sem semelhança alguma.
Os pesquisadores selecionaram quatro palavras de instruções de duas sílabas mais comuns entre os donos de cães da Hungria. Depois foram criadas variantes sem sentido, mas foneticamente semelhantes trocando a primeira vogal das palavras utilizadas. Já as palavras sem nenhuma semelhança fonética foram criadas a partir da mistura dos sons das quatro instruções.
Capacidade semelhante à de bebês
A eletroencefalografia mostrou que os cachorros conseguem distinguir rapidamente palavras sem sentido de instruções quando elas soavam muito diferentes. Porém, quando elas são foneticamente semelhantes parece não ocorrer essa distinção, o que sugere que a espécie pode ter “uma capacidade limitada de processamento de palavras“.
Os pesquisadores acreditam que cachorros têm uma capacidade de processamento de palavras semelhantes às de bebês no estágio inicial de desenvolvimento desta habilidade, com menos de 14 meses, quando ainda não conseguem dissociar palavras foneticamente semelhantes e nem reconhecer sons sem sentido mas com fonética parecida à de palavras conhecidas.
“O estudo revelou não apenas a sensibilidade de cães para reconhecer palavras, mas também sua capacidade limitada de acessar detalhes fonéticos”, afirmam os pesquisadores.
Os cientistas concluem ainda que mais estudos são necessários sobre padrão de reconhecimento de palavras de cães e para confirmar essa capacidade limitada que poderia ser um do motivos “que incapacita cachorros de adquirir um vocabulário considerável”.
Ciberia // Deutsche Welle