Ministro da Lituânia afirma que Svetlana Tikhanovskaya “está em segurança” no país vizinho. Regime de Alexander Lukansheko, no poder desde 1994, vem reprimindo protestos que acusam governo de fraudar eleições.
O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Linas Linkevicius, disse nesta terça-feira (11/08) que a candidata da oposição de Svetlana Tikhanovskaya deixou Belarus e “está em segurança” no país vizinho.
O paradeiro de Tikhanovskaya seguia desconhecido na segunda-feira. Sua equipe de campanha não conseguia contatá-la por telefone depois que ela deixou o prédio da comissão eleitoral de Belarus. Havia o temor de que ela havia sido presa pelo regime de Alexander Lukansheko, no poder desde 1994.
Não está claro se ela fugiu do país ou foi forcada a sair pelo regime de Lukansheko.
O ministro lituano Linkevicius disse a uma rádio do seu país que Tikhanovskaya chegou a ser detida em Belarus por sete horas na segunda-feira, mas não disse por quem e por quê.
O autoritário líder de Belarus, Lukansheko, vem reivindicando a vitória no pleito de domingo. A comissão eleitoral do país, controlada por seu governo, afirma que Lukansheko, conhecido como o “último ditador da Europa”, recebeu 80% dos votos. A oposição, no entanto, afirma que o pleito foi marcado por fraudes sistemáticas e por perseguição aos opositores.
Vários países europeus, como a Alemanha, também consideram que a eleição não foi justa. Berlim afirmou que as eleições não cumpriram “os padrões democráticos mínimos”. Não foi permitida a presença de observadores internacionais durante a votação.
Depois do anúncio dos resultados parciais, na noite de domingo, a capital de Belarus, e mais 20 cidades do país, foram tomadas por protestos contra Lukansheko. Milhares de pessoas foram presas durante a repressão. Na noite de segunda-feira, as manifestações ainda persistiam. Soldados foram vistos patrulhando as ruas de Minsk intimidando manifestantes. No domingo, imagens transmitidas por redes internacionais mostraram a polícia lançando gás lacrimogênio, disparando balas de borracha, usando canhões d’água e golpeando manifestantes.
Tikhanovskaya não tomou parte nos protestos. Em junho, as autoridades do país prenderam seu marido, o oposicionista Viktor Babariko. Tikhanovskaya, uma ex-professora de 37 anos, acabou tomando o lugar do cônjuge na corrida para a Presidência.
Segundo os resultados divulgados pela comissão eleitoral de Belarus nesta segunda-feira, Lukashenko obteve 80.23% dos votos, enquanto Tikhanovskaya recebeu apenas 9,9%.
Tikhanovskaya chegou a contestar os resultados antes de sumir de cena na segunda-feira, afirmando para repórteres que “as autoridades precisam pensar em maneiras pacíficas de entregar o poder”. “É claro que não reconhecemos os resultados.”
Apesar da inexperiência política, Tkhanovskaya representou o maior desafio já imposto a Lukashenko. Os comícios dela atraíram algumas das maiores multidões observadas no país desde a queda da União Soviética, em 1991. A candidatura deu origem a um novo movimento informal de protesto.
A reação das autoridades foi reprimir. Mais de mil manifestantes foram presos desde o início da campanha eleitoral, em maio, até o pleito, segundo a ONG Viasna. No sábado, véspera do pleito, pelo menos nove membros da campanha de Tkhanovskaya foram detidos. A própria candidata chegou a se esconder na véspera para evitar ser presa.
Jornalistas também foram detidos durante a campanha, incluindo o correspondente da DW Alexander Burakov. O país aparece na 153ª posição no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras, que inclui 180 países.