A Polônia concedeu nesta segunda-feira (2) um visto humanitário para a atleta olímpica bielorrussa Krystsina Tsimanuskaya. A jovem afirma que estava sendo obrigada a deixar o Japão após ter criticado sua equipe e temia represálias se retornasse a seu país. A decisão polonesa confirma o apoio que Varsóvia vem dando à oposição de Belarus desde a reeleição de Alexander Lukashenko.
Tsimanuskaya “já está em contato direto com diplomatas poloneses em Tóquio. [Ela] recebeu um visto humanitário. A Polônia fará o que for necessário para ajudá-la a continuar sua carreira esportiva”, anunciou o vice-ministro polonês dos Assuntos Exteriores, Marcin Przydacz na redes sociais.
Segundo ele, a atleta entrou em contato com a Polônia em busca de ajuda, diante de sua situação “bastante difícil”, mas agora ela está “segura em território da nossa embaixada” em Tóquio. República Tcheca e Eslováquia também haviam se oferecido para acolher Tsimanuskaya.
A atleta denunciou no domingo (1°) que foi forçada a suspender sua participação nas Olimpíadas de Tóquio e deixar o Japão, após criticar sua federação nas redes sociais.
“Peço ajuda ao Comitê Olímpico Internacional, fui pressionada e eles estão tentando me tirar do país sem meu consentimento”, revelou a atleta de 24 anos em um vídeo no Instagram. Tsimanuskaya foi em seguida levada para o aeroporto de Tóquio, mas se recusou a entrar no avião, temendo ser presa pelas autoridades ao desembarcar em seu país.
“A Polônia oferece apoio aos cidadãos bielorrussos que, por razões políticas, queiram partir de Belarus, ou que não queiram voltar para Belarus”, explicou Przydacz em entrevista ao canal TVN24. Tsimanuskaya está refugiada na embaixada da Polônia em Tóquio.
A imprensa polonesa afirma que ela deve viajar para Varsóvia ainda esta semana. A informação foi confirmada pela ONG da federação bielorussa de solidariedade esportiva.
A ajuda de Varsóvia à atleta confirma a política polonesa de apoio à oposição bielorrussa, que vem se manifestando desde a reeleição contestada do presidente Alexander Lukashenko. A Polônia já acolheu milhares de pessoas oriundas de Belarus que fugiram a repressão do país.
Desde que Lukashenko foi reeleito, em agosto de 2020, o governo polonês facilitou a concessão de vistos para os bielorrussos e multiplicou os programas de ajuda visando estudantes e empresários. O número de pedidos de asilo vindos de Belarus não para de crescer, e já ultrapassou 700 desde o início deste ano.
Ao conceder um visto humanitário para a atleta olímpica, Varsóvia aumenta as tensões já latentes com o regime de Minsk. A minoria polonesa em Belarus vem sendo alvo de ataques e Lukashenko chegou a acusar a Polônia de ingerência, e de tentativa de desestabilizar seu país.
// RFI