Termina na noite desta segunda-feira (16) o prazo para que escoteiros dos Estados Unidos possam beneficiar de um fundo de indenização criado após denúncias de abusos sexuais. Segundo os advogados das vítimas, cerca de 80 mil pessoas devem se inscrever no dispositivo.
“Até onde sabemos, há 11 mil denúncias em todo o mundo contra a Igreja Católica. E acreditamos que os casos de meninos escoteiros serão oito vezes maiores às 17h00 desta noite(19h00 de Brasília)” , afirmou Andrew Van Arsdale, membro de uma equipe de advogados que representa as vítimas dos abusos.
“Estamos horrorizados com a quantidade de escoteiros que sofreram abusos no passado. E estamos comovidos com a coragem daqueles que saíram do silêncio”, disse a organização Boy Scouts of America (BSA), em um comunicado, sem confirmar os números.
A organização, fundada em 1910, é o principal movimento escoteiro dos Estados Unidos e conta com 2,2 milhões de membros entre 5 e 21 anos.
Ela foi acusada de acobertar abusos contra milhares de jovens durante gerações e de não ter feito o suficiente para expulsar os pedófilos da organização.
Afetada pelas acusações de abuso sexual, a entidade declarou falência em fevereiro, com o objetivo salvaguardar as indenizações, redirecionando seus ativos a um fundo público. A BSA, que estima sua renda em mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,44 bilhões), não indicou qual valor pretende dedicar ao fundo.
5000 “arquivos de perversão”
As revelações de abuso sexual entre os escoteiros dos Estados Unidos vieram à tona pela primeira vez em 2012, quando o jornal Los Angeles Times publicou documentos internos sobre décadas de abuso sexual entre seus participantes.
Nessa época, foram relevados cerca de 5.000 “arquivos de perversão”, correspondendo a uma quantidade semelhante de supostos agressores entre os líderes escoteiros. A maioria nunca havia sido denunciada às autoridades e a organização se limitou a expulsá-los.
Desde então, as ações judiciais se multiplicaram contra os Scouts, principalmente após a extensão em vários estados dos prazos de prescrição para as agressões pedófilas.
// RFI