Cientistas russos, analisando dados de colegas estrangeiros sobre a presença de possível traço de vida, o gás fosfina, na atmosfera de Vênus, concluíram que o gás foi confundido com dióxido de enxofre.
Em setembro de 2020 foi revelado que cientistas britânicos e norte-americanos descobriram na atmosfera de Vênus a fosfina, um gás tóxico incolor, que pode ser de origem biológica. Na Terra, este gás é emitido por algumas bactérias para subsistência.
Em outubro, a publicação científica foi removida do site do observatório ALMA, no Chile, para verificação de dados depois de erro ser encontrado. No fim de janeiro, os cientistas da Universidade de Washington, EUA, confirmaram que seus colegas confundiram a fosfina com dióxido de enxofre.
O vice-diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais da Academia de Ciências da Rússia, Oleg Korablyov, afirmou que já havia vários artigos refutadores da presença de fosfina na atmosfera de Vênus.
Em particular, cientistas holandeses informaram que no processamento dos dados do observatório ALMA foi usada uma versão errada de software, o que impossibilitaria o reconhecimento das observações como estatisticamente confiáveis.
Korablyov destacou que os pesquisadores russos, durante a primeira análise dos dados dos colegas estrangeiros, também chegaram a pensar poder haver fosfina na atmosfera de Vênus.
“Mas depois aplicamos o modelo atmosférico com mais atenção, em conformidade com pensamento convencional sobre Vênus, sua incisão vertical, e, enfim, tivemos uma impressão similar de que, tirando o dióxido de enxofre, nessa região não há mais nada para explicar esses dados”, afirmou o cientista russo.
Korablyov acrescentou ser necessários estudos adicionais, por isso o proposto programa russo de pesquisa de Vênus não deve ser alterado.
“Uma atmosfera, especialmente tão complexa como a de Vênus, é rica e possui muitos enigmas. E esses gases pequenos em quantidades de traços na atmosfera podem fornecer informação sobre completamente diferentes características de planetas. Isso, ao contrário, é um bom exemplo de que precisamos estudar Vênus mais com o uso de métodos mais precisos”, concluiu.
O programa russo de pesquisa de Vênus inclui três missões, em 2029, 2031 e 2034, para estudar superfície, atmosfera, estrutura interna e plasma do planeta.
Ciberia // Sputnik