A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) no continente americano, chamou a atenção nesta quarta-feira (17) para a evolução da pandemia de Covid-19 no Brasil. Para a entidade, a situação brasileira é preocupante e deve servir de lição para o mundo sobre a necessidade de liderança para conter o avanço da doença.
“A situação no Brasil é um alerta de que manter este vírus sob controle requer atenção contínua das autoridades e líderes de saúde pública para proteger as pessoas e os sistemas de saúde do impacto devastador deste vírus”, declarou a diretora da OPAS, Carissa Etienne. Ela lembrou que “várias áreas do país estão vivenciando um nível recorde de infecções e os leitos dos hospitais estão quase em sua capacidade máxima em mais da metade dos estados brasileiros”.
Os representantes da OPAS não citaram explicitamente problemas de gestão do governo, que vem sendo apontados inclusive pela comunidade internacional. Mas enfatizaram a importância de responder ao aumento dos casos com a implementação imediata de medidas para desacelerar a transmissão do vírus.
Efeito dos feriados e do carnaval
Sylvain Aldighieri, gerente de incidentes da OPAS, observou que a situação atual no Brasil é o resultado de uma nova disseminação do vírus durante os feriados de final de ano e carnaval. Segundo ele, durante esses períodos, a implementação de medidas de saúde pública no Brasil foi abaixo do esperado na maior parte do país, “desencadeando o aumento da transmissão e expansão geográfica”.
Aldighieri explicou que, ao contrário da onda pandêmica de 2020, “o que temos agora é um aumento simultâneo em todas as regiões do Brasil”. Ele insistiu que mesmo no contexto da circulação de cepas mais contagiosas do vírus, “as medidas de saúde pública, quando aplicadas estritamente, funcionam contra as variantes. É muito importante”, martelou.
O Brasil é o segundo país do mundo com mais vítimas mortais da pandemia depois dos Estados Unidos, com um total acumulado de 282.127 mortes e 11,6 milhões de casos desde que a doença foi registrada pela primeira vez em dezembro de 2019 na China.
Especialistas apontam que o rápido aumento da pandemia no país poderia deixar em breve cerca de 3.000 mortes diárias e elevar o balanço total de mortos pra 500.000 ou 600.000 antes da generalização das vacinas.
// RFI