No total, 67 casos da infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 foram identificados entre os credenciados desde o início de julho, segundo os organizadores.
A abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio ocorrerá na sexta-feira (23) e, desde a chegada dos atletas e das equipes técnicas no Japão, uma operação contra a transmissão da COVID-19 foi montada. No entanto, diagnósticos positivos da doença já foram confirmados. No total, 67 casos da infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2 foram identificados entre os credenciados desde o início de julho, segundo os organizadores.
Para garantir maior segurança dos participantes e da população japonesa, os organizadores das Olimpíadas criaram supostas “bolhas” para evitar transmissões da COVID-19. A ideia era de que os estrangeiros fossem restringidos aos espaços dos jogos e da vila, mas especialistas já entendem que a medida não será suficiente.
Na semana passada, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, afirmou que existia um risco “zero” de participantes dos Jogos de Tóquio infectarem moradores do Japão com a COVID-19. “O risco para outros moradores da Vila Olímpica e o risco para o povo japonês é zero”, defendeu Bach.
Quais são os riscos dos Jogos Olímpicos de Tóquio?
“É óbvio que o sistema de bolhas [de isolamento] está parcialmente quebrado”, afirmou o ex-diretor do Instituto de Saúde Pública do King’s College London, Kenji Shibuya. Anteriormente, o pesquisador defendia que os jogos deveriam ser “reconsiderados” devido à incapacidade do Japão em conter as transmissões do coronavírus.
Para Shibuya, há duas preocupações principais: um foco de novos casos da COVID-19, que deve ocorrer na vila olímpica; e as consequências da interação dos estrangeiros com a população local. Isso porque testes devem ser insuficientes na fronteira da “bolha” e será difícil controlar o movimento das pessoas.
Neste cenário, os Jogos devem agravar a propagação da variante Delta (B.1.671.2) — descoberta primeiro na Índia —, segundo o pesquisador. Corroborand essa visão, já é possível observar casos da COVID-19 que não foram detectados no aeroporto e vídeos revelando a interação entre atletas, funcionários e jornalistas.
Casos do coronavírus
Os casos da COVID-19 identificados na vila olímpica começam a se multiplicar com a proximidade da abertura. Dois jogadores de futebol da seleção sul-africana, Thabiso Monyane e Kamohelo Mahlatsi, e um analista da equipe, Mario Masha, testaram positivo, segundo o site CNet. Agora, os três estão isolados em seus quartos e 21 contatos próximos estão em alerta.
Da República Tcheca, o jogador de vôlei de praia, Ondrej Perusic, foi o terceiro atleta a testar oficialmente positivo para COVID-19 na vila. Além destes nomes, outros atletas e membros da equipe técnica testaram positivo para a infecção em solo japonês.
Japão contra a COVID-19
No sábado (17), Tóquio registrou 1.410 novos casos da COVID-19. Este valor é o maior em quase seis meses. De acordo com especialistas entrevistados pela agência Reuters, fatores sazonais, intensificação da mobilidade e a disseminação da variante Delta podem levar a um aumento de 2.000 casos por dia na capital, durante o próximo mês. A média poderá colapsar o sistema de saúde local.
No momento, apenas 33% dos japoneses receberam pelo menos uma dose de uma vacina contra a COVID-19. O interesse pela imunização contra o coronavírus ganha força desde o mês passado, mas problemas de abastecimento e logísticos reduziram o alcance das vacinas.
Brasil e a Copa América
No recente caso brasileiro, a vinda de estrangeiros para a Copa América não foi tranquila. Identificada pela primeira vez na Colômbia, a variante B.1.621 do coronavírus chegou oficialmente ao Brasil através destes jogos. De acordo com as autoridades da saúde brasileira, dois homens, de 37 e 47 anos, que integravam as delegações do Equador e da Colômbia, testaram positivo para a COVID-19. Em exames detalhados, verificou-se a nova cepa, considerada mais transmissível.
Inicialmente, os dois casos da variante colombiana foram diagnosticados em Cuiabá, no Mato Grosso, pelo Laboratório Central do Mato Grosso (Lacen-MT). Depois, análise genética no Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, confirmou-se que ambos traziam a variante inédita do coronavírus para o país. Além da importação de uma variante, atletas também testaram positivo durante os jogos.
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