Os jornais franceses desta quinta-feira (22) detalham o desafio dos organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que começam oficialmente nesta sexta-feira (23) sob a ameaça da Covid-19 e uma impopularidade recorde no Japão.
A cerimônia de abertura está marcada para às 13h, na França, 8h pelo horário de Brasília. Para a imprensa francesa, esta edição dos jogos já é única, antes mesmo de começar.
Primeiro, pelos custos de organização: € 2,5 bilhões a mais do que o previsto, num total jamais visto de aproximadamente € 15,5 bilhões, de acordo com o jornal Le Parisien. E sem falar em escândalos e a falta de apoio por parte da população.
O enviado especial do diário a Tóquio, Eric Bruna, diz que é como se os organizadores tivessem “a espada de Dâmocles da Covid-19 ameaçando atravessar os anéis olímpicos”, numa alusão à anedota do século 2 antes de Cristo, quando o tirano Dionísio, de Siracusa, ordenou que uma espada afiada fosse pendurada sobre a cabeça de seu cortesão, um símbolo do risco iminente.
O jornal lembra que a cada quatro anos, o encontro do esporte mundial costuma acontecer em clima fraternal e de muita alegria entre os atletas. Porém, em 2021, as competições estão sendo realizadas dentro da “bolha dos gestos de barreira sanitária”, compara o texto.
A maior parte dos patrocinadores locais, como a número 1 da indústria automobilística mundial, Toyota, aproveitam pouco do momento e quase não querem aparecer “devido à imagem negativa veiculada da competição”.
Mais de 11.000 atletas vão disputar medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, diante de arquibancadas vazias. E a vitória já começa em “passar nos rigorosos testes antigênicos, salivares e nasais”, destaca a imprensa francesa. Antes mesmo de entrar em campo, alguns esportistas já viram cinco anos de treinamento irem por água abaixo, ao serem testados positivo para a Covid-19.
Em 8 de agosto, durante a cerimônia de encerramento dos jogos, o governador de Tóquio, Yuriko Koike, passará o bastão para a prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, a última fronteira antes do evento tomar as cores azul, branco e vermelho em 2024. “Que sejam também inesquecíveis, mas por outras razões”, ressalta o Figaro.
// RFI