O governo dos Estados Unidos incluiu Hamza Bin Laden em sua lista de pessoas ligadas ao terrorismo devido à sua suposta liderança ativa na organização Al-Qaeda, fundada por seu pai, Osama Bin Laden.
O jovem Hamza Bin Laden, considerado o filho preferido e herdeiro do fundador da rede Al-Qaeda, lançou diversos apelos pela união dos jihadistas e para cometer ataques contra países ocidentais.
O Departamento de Estado americano afirmou que está notificando a comunidade internacional de que “Hamza Bin Laden participa de forma ativa no terrorismo“.
O alerta foi feito diante da decisão dos Estados Unidos, de classificar Hamza como “terrorista global especialmente designado”. Isto significa que, para o governo americano, Hamza Bin Laden ameaça a segurança nacional ou a segurança dos cidadãos americanos.
E esta designação impede Hamza de estabelecer qualquer acordo comercial com empresas americanas ou ter alguma propriedade em solo americano.
A partir de agora, Hamza pode ser alvo de sanções jurídicas e financeiras dos Estados Unidos, de acordo com as medidas anunciadas na quinta-feira (5) pelo Departamento de Estado. A designação de Hamza Bin Laden, de 25 anos, como “terrorista internacional” foi fundamentada em dois elementos factuais.
O primeiro deles foi o anúncio feito pela Al-Qaeda, em agosto de 2015, de que o jovem pertencia à rede terrorista. O segundo, pelo fato de ele ter lançado uma ameaça contra os Estados Unidos por meio de uma mensagem de áudio divulgada em julho passado fazendo referência a uma “revanche”.
Em 2015, o filho de Osama Bin Laden, cujo paradeiro ainda é desconhecido, fez um apelo para atacar “interesses americanos, franceses e israelenses em Washington, Paris e Tel-Aviv”. No ano passado, ele incitou “tribos da Arábia Saudita a se unirem com o braço da Al-Qaeda no Iêmen para lançar uma guerra contra o reino monarquia saudita”.
“Príncipe do terror”
Em agosto, o jovem pediu para os sauditas “derrubarem” o regime de Riad e “liberarem” a monarquia saudita da influência dos Estados Unidos.
Hazam Bin Laden, que já foi chamado por um parlamentar britânico de “príncipe herdeiro do terror”, escreveu em 2009 para seu pai, quando ainda estava escondido em uma mansão em Abbottabad, no Paquistão. O líder da Al-Qaeda foi morto no local em maio de 2011 em uma operação comandada pelos militares americanos.
Nas cartas desclassificadas pela CIA e consultadas pela agência AFP em 2015, o filho de Bin Laden confirmava a seu pai sua determinação em comandar o jihad, como é chamada a guerra santa do Islã. Nos documentos, ele revelava ser um homem “forjado no aço” e pronto a se unir com Osama Bin Laden em uma viagem “rumo à vitória ou a mártir”.
Em julho de 2009, quando estava recluso em uma residência no Irã, o jovem lamentou não poder se juntar às “legiões de mudjahidines” (combatentes) em ação.
Segundo o Tesouro Americano, Hamza Bin Laden nasceu em 1989 em Jeddah, na Arábia Saudita. Segundo a imprensa, ele tem 25 anos. Os serviços de informação dos Estados Unidos estimam que ele é o filho preferido de Osama bin Laden, que tinha intenção de prepará-lo para assumir o comando da organização terrorista.
Carisma e popularidade
Desde que Osama Bin Laden, líder da organização, foi morto pelas forças especiais americanas em Abbottabad, no Paquistão, em 2011, a Al-Qaeda parecia estar perdendo sua força e influência, a ponto de parecer, ao menos sob os olhos do Ocidente, relegado à sombra do grupo autodenominado Estado Islâmico.
Apesar disso, analistas afirmam que o grupo extremista não está menos perigoso.
Segundo Fawaz Gerges, autor dos livros The Rise and Fall of Al-Qaeda (“Ascensão e Queda da Al-Qaeda”, em tradução livre) e ISIS: A History (“EI: Uma História”) e especialista em política no Oriente Médio, Hamza Bin Laden tem todas as credenciais para se transformar no novo líder da organização.
Nos últimos anos, a Al-Qaeda tem sido liderada pelo egípcio Ayman al Zawahiri, com uma abordagem mais pragmática.
// BBC