O mistério do desaparecimento de Agatha Christie, durante 11 dias, em 1926, pode finalmente ter sido desvendado. Ou, pelo menos, é isso que acredita o escritor Andrew Wilson, que publicou um livro ficcional onde defende que a escritora quis se suicidar.
O jornal inglês Telegraph divulga a teoria de Andrew Wilson, destacando que ele pode ter resolvido “o último grande mistério que Agatha Christie deixou por resolver”.
A escritora, conhecida pelos livros policiais, como as histórias do famoso detetive Hercule Poirot, esteve desaparecida durante 11 dias em 1926.
Christie saiu de casa em 3 de dezembro daquele ano, quando tinha 36 anos, dirigindo seu carro, que foi encontrado vazio, apenas com um casaco de peles e uma carteira de motorista no interior, conta o Telegraph.
Mais de mil polícias e de 15 mil voluntários procuraram Agatha Christie, a imprensa fez cobertura massiva sobre o caso e até surgiram suspeitas de que o marido, o coronel Archibald Christie, poderia tê-la assassinado.
Pouco antes do desaparecimento, ele teria dito à escritora que queria o divórcio por ter se apaixonado por uma mulher mais jovem.
Após 11 dias do desaparecimento, Agatha Christie foi encontrada em um hotel, onde tinha feito check-in com o nome da amante do marido e alegou amnésia temporária para o episódio insólito.
Mas o escritor Andrew Wilson divulga no livro de ficção “A Talent For Murder” (“Talento para Matar, em tradução livre) uma nova teoria.
Segundo o autor, a escritora teria saído de casa com a intenção de se suicidar, depois do pedido de divórcio do marido.
A tese do autor tem base na análise de documentos da polícia, de entrevistas da escritora, após o famigerado desaparecimento, e do seu romance semi-autobiográfico “Unfinished Portrait”, que publicou em 1934 sob o pseudônimo de Mary Westmacott.
Assim, Wilson acredita que, depois de se livrar do próprio carro com o intuito de se suicidar, Agatha Christie mudou de ideia movida pelas suas “convicções cristãs” de que o suicídio é um “pecado”.
Christie teria se sentido tão “envergonhada” consigo própria que criou a ideia de que sofreu perda de memória temporária, adianta ainda o autor, conforme descreve o Telegraph.
Como prova desta ideia, Wilson cita uma entrevista dada pela escritora ao The Daily Mail, em 1928, onde ela fala do dia 3 de dezembro de 1926, contando que se sentiu “terrivelmente miserável” e em um estado de “elevada tensão nervosa” em que pensou “fazer algo desesperado”.
“Quando alcancei um ponto na estrada em que pensei que estava perto da pedreira, virei o carro para fora da estrada, pela colina abaixo, em direção a ela. O carro bateu em alguma coisa, com um solavanco, e parou de repente. Fui arremessada contra o volante e a minha cabeça bateu em alguma coisa. Até este momento, eu era a Senhora Christie”, disse a autora na ocasião.
No livro “Unfinished Portrait”, a personagem Celia, que é vista como um alter-ego de Agatha Christie, tenta se suicidar. A escritora chega a escrever na obra que “ela admitiu que tinha sido muito perverso, da parte dela, ter tentado” se matar.
Agatha Christie só se separou do marido em 1928, dois anos depois do misterioso desaparecimento. Em 1930, voltou a casar com Max Mallowan que era 14 anos mais novo que ela.
O casamento durou até sua morte em 12 de janeiro de 1976. Tinha 86 anos de idade.
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