Durante a madrugada desta terça-feira (29), Pyongyang lançou um míssil que sobrevoou o Japão. As autoridades nipônicas pediram aos habitantes da ilha Hokkaido que procurassem refúgio. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, classificou o míssil como uma “ameaça sem precedentes” por parte de Pyongyang.
Kim Jong-un tem conduzido uma série de testes de mísseis nos últimos meses, mas esta é a primeira vez que um míssil deste tipo sobrevoa o território do Japão – neste caso, a ilha de Hokkaido.
Os residentes da ilha foram imediatamente aconselhados pelas autoridades a procurarem refúgio “em edifícios robustos ou em cavernas”. O Jornal de Notícias, que cita a televisão pública japonesa, afirma que o míssil se partiu em três partes, antes de cair na água, ao largo da ilha.
Shinzo Abe já pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU. O Japão irá tomar “todas as medidas” necessárias para assegurar a segurança da população, declarou Abe.
Segundo um porta-voz do primeiro-ministro japonês, o míssil sobrevoou a ilha de Hokkaido, no norte do país, e caiu em águas do Pacífico a 1.180 quilômetros da costa japonesa. “Não foi causado qualquer dano a aviões ou navios” na zona, acrescentou.
Segundo o Exército da Coreia do Sul, o míssil foi lançado pouco antes das 6h da manhã locais (17h em Brasília) de um local próximo da capital norte-coreana, Pyongyang, algo que também é raro.
O Expresso divulgou uma análise preliminar ao teste, sugerindo que o míssil percorreu uma distância de mais de 2.700 quilômetros, atingindo uma altitude máxima de cerca de 550 quilômetros (abaixo de outros mísseis lançados recentemente) antes de se desfazer em três partes que caíram no norte do Oceano Pacífico, a 1.180 quilômetros da costa japonesa.
Tudo indica que se tratou de um Hwasong-12, um míssil balístico de médio alcance recém-desenvolvido capaz de incorporar ogivas nucleares em miniatura.
O lançamento do míssil, que as forças nipônicas não tentaram abater, ocorreu numa altura em que os EUA e o Japão continuam a conduzir exercícios militares conjuntos em Hokkaido.
Diante disto, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ordenou uma “esmagadora” demonstração de força, destacando quatro caças de guerra para os exercícios desta terça-feira.
Entre os países que já reagiram ao lançamento está a Rússia. Moscou disse estar “extremamente preocupada” com a situação na península coreana, constatando uma “tendência para uma escalada” da tensão, depois de Pyongyang ter disparado o míssil que sobrevoou o Japão.
“Nós vemos uma tendência para uma escalada e estamos extremamente preocupados com o desenvolvimento geral” da situação na península, declarou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Riabkov, citado pela agência estatal de notícias RIA Novosti.
A China também se manifestou, pedindo contenção a todas as partes envolvidas.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas irá realizar, nesta terça-feira, uma reunião de emergência em Nova York, a pedido de Tóquio e de Washington, na sequência do lançamento do míssil que, pela primeira vez desde 2009, sobrevoou o Japão.
O lançamento do míssil acontece em um contexto de crescente tensão entre Washington e Pyongyang, com ameaças de ambos os lados.
Coreia do Sul responde com oito bombas
Depois de a Coreia do Norte ter lançado um míssil que sobrevoou o território japonês, a Coreia do Sul saiu em defesa dos nipônicos. A Força Aérea sul-coreana respondeu com oito bombas MK 84 lançadas por quatro aviões F-15K na província de Gangwon, a norte da Coreia do Sul.
Segundo a TSF, uma bomba MK 84 pesa cerca de 910 quilos e serve para penetrar alvos mais protegidos. A província onde as bombas foram lançadas fica a 108 quilômetros de Seul, próxima da fronteira com a Coreia do Norte. Pyongyang fica a 195 quilômetros de Seul.
Segundo um oficial do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, as oito bombas atingiram o alvo. “O exercício reconfirmou a capacidade da Força Aérea sul-coreana para destruir a liderança do inimigo em caso de emergência”, informou.
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