A aquisição da Moovit pela Intel, anunciada nesta semana por um valor de US$ 900 milhões, é mais do que apenas a anexação de um serviço altamente promissor ao portfólio da fabricante de semicondutores.
Para a marca, reconhecida pelos processadores, mas disposta a ir bem além disso, os planos são de lançar uma frota de táxis autônomos já em 2022, que deve chegar a centenas de cidades de todo o mundo até 2030.
Esse é um dos aspectos nos quais a Intel aposta ao dizer que deseja se tornar fornecedora de soluções completas de mobilidade, um mercado com receita estimada de US$ 160 bilhões, até o final desta década. É um movimento que começou em 2018, quando a companhia investiu US$ 50 milhões na Moovit, e agora ganha caráter estrelado com a união entre as duas como parte de uma iniciativa completa para o segmento, que também envolve a oferta de tecnologia autônoma para os consumidores.
Os planos são ambiciosos, mas a fabricante deseja ir por partes. Foi o que deixou claro o Professor Amnon Shashua, vice-presidente da Intel e CEO da Mobileye, subsidiária que lidera os esforços da gigante em mobilidade. “A aquisição da Moovit faz parte do nosso roadmap [desse setor], com crescimento anual da oferta até chegarmos a uma autonomia plena”, afirmou em conferência com jornalistas realizada nesta terça-feira (5).
Esse ideal, afirma Shashua, será obtido a partir do uso de geofencing, com a aplicação de limites geográficos por meio de GPS e delimitação de zonas nas quais os veículos poderão trafegar. O executivo não falou quais cidades que receberão a iniciativa primeiro, mas a ideia é atuar em grandes centros urbanos e multiplicar o número de localidades na medida em que os anos forem passando, chegando ao ideal de centenas delas até 2030.
Tudo isso enquanto mantém a Moovit como uma subsidiária independente, que continuará a prestar os próprios serviços aos 800 milhões de usuários que angariou em mais de 100 países. Os dados coletados pela companhia serão essenciais na criação das geofences e também no desenvolvimento da tecnologia de automação, o que faz com que a aquisição faça todo sentido quando se observam os planos da Intel para esse segmento.
A combinação entre diferentes modais de transporte também faz parte dos planos, ainda que a autonomia seja o principal dos focos da aquisição. Na visão de Nir Erez, CEO da Moovit, em um mundo no qual as pessoas não precisam mais dirigir, o foco deixa de ser o volante em si e passa a estar no tempo e custo das viagens, bem como os diferentes meios utilizados. “Até mesmo os mapas, em si, passam a ter importância secundária. A integração de dados passa a ser essencial para a movimentação dos usuários pela cidade”.
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