As tecnologias de condução autônoma – aquelas que dispensam motorista – ainda despertam muitas dúvidas. Um dos principais pontos debatidos é o seguinte dilema moral e ético: em uma situação de previsão de acidente onde é possível salvar o motorista e atropelar pedestres, ou vice-versa, qual é a decisão correta que o carro deve tomar?
O dilema moral de ter que decidir quem matar em caso de acidente é uma questão que tem vindo a ser abordada relativamente aos carros autónomos. Um estudo recente do MIT mostra que a questão nem sequer consegue ser respondida por pessoas.
Enquanto muitas empresas e profissionais tentam chegar a um consenso sobre qual deve ser o padrão adotado pela indústria, a Mercedez-Bens já tomou partido de um dos lados: o do motorista.
A montadora afirma que seus carros serão programados para salvar o condutor e os ocupantes do carro, mesmo que isso signifique sacrificar quem está do lado de fora.
Essa escolha é feita na hora de programar os algoritmos do carro que dispensa motorista e, apesar de parecer algo bem insensível, nos mostra que a forma como os carros e, por extensão, seus engenheiros pensam é diferente do que a maioria das pessoas imagina.
“Se você pode salvar ao menos uma pessoa, salve ela. Salve a que está no carro“, simplificou Christoph von Hugo, gerente de segurança dos carros autônomos da Mercedes.
“Se nossa única certeza é que uma morte pode ser evitada, então essa é a sua prioridade.”
O debate todo é bem confuso, e o dilema moral se aprofunda ainda mais quando consideramos que os carros autônomos podem salvar milhões de vidas que teriam sido tiradas por motoristas humanos descuidados (e/ou bêbados).
Para o executivo da Mercedes, este é apenas mais um ponto a favor da decisão da montadora, uma vez que os problemas éticos podem ser compensados pelo fato de que os carros serão melhores condutores do que a maioria da população comum.
Hugo diz ainda que, mesmo se o carro optar por sacrificar seus ocupantes, isso pode não ajudar em nada, uma vez que não garantiria que pessoas do lado de fora do automóvel fossem afetadas.
“Essa questão moral sobre quem salvar: 99% do nosso trabalho de engenharia é evitar que situações como essa aconteçam”, completou Hugo.
De qualquer forma, quando um carro autônomo da Mercedes estiver vindo na sua direção, a melhor decisão ainda é sair da frente.
// Canaltech