Aquecimento global pode ser freado por tecnologia de ficção científica

Notícias sobre o clima têm se tornado cada vez mais alarmantes nos últimos meses. Em dezembro de 2016, cientistas preocupados revelaram que as temperaturas em algumas partes do Ártico haviam subido mais de 1,5ºC acima da média histórica.

Em março de 2017, outros pesquisadores relataram que a camada de gelo na mesma região estava mais fina do que qualquer outra medição já realizada na área.

A prioridade atual de todos os países do planeta é seguir o acordo de Paris de 2015 e reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Mesmo assim, “a realidade é que talvez ainda vamos precisar de mais ferramentas mesmo se atingirmos estes objetivos”, diz Janos Pasztor, da Carnegie Climate Geoengineering Governance (C2G2) Initiative.

Para tentar propor outra solução para este problema além do já batido “usar mais painéis de energia solar e cata-ventos de energia eólica”, pesquisadores de várias áreas diferentes, entre física e ciências sociais, se reuniram em Washington D.C. (EUA) para discutir novas ideias.

Entre elas estão liberar aerossol na estratosfera para resfriar o planeta ou tornar as nuvens mais brancas para refletir a luz solar de volta ao espaço. O aerossol poderia ser levado em jatos militares e liberado em grandes altitudes. Já as nuvens poderiam ser mais reflexivas se recebessem uma névoa salina retirada do próprio oceano.

Todas essas propostas se encaixam na geoengenharia, ciência que estuda os meios de manipulação do clima através da tecnologia, de forma controlada. No entanto, a geoengenharia ainda é vista pelos cientistas como algo saído da “ficção científica”.

Quem se posiciona contra a geoengenharia costuma expor argumentos semelhantes aos de quem é contra alimentos transgênicos: manipular o clima seria uma interferência na natureza que nunca deve ser feita.

Mas há outros motivos mais práticos de preocupação, por exemplo: como o aerossol ou névoa salina afetariam o ozônio na estratosfera? Como alteraria os padrões de precipitação?

Enquanto nem todos presentes da conferência concordam com essas propostas, há um consenso de que as pesquisas devem continuar, e para isso é preciso investimento.

Sabe-se que o gerenciamento de radiação solar pode resfriar a atmosfera, mas a falta de investimentos nesta área tem limitado as pesquisas a modelos em computadores e experimentos em pequena escada em laboratórios.

Além deste obstáculo, os pesquisadores alertam que a agenda internacional deve incluir debates sobre este tipo de tecnologia, que traria impactos para o mundo todo.

Segundo afirmou o economista ambiental Scott Barrett no evento, “o maior problema enfrentado pela geoengenharia provavelmente não será técnico, mas vai envolver a forma como tomamos decisões sobre esta tecnologia inédita”.

Alan Robock, professor da Universidade Turgers, argumenta que o pior cenário do uso de tecnologias de geoengenharia seria uma guerra nuclear.

A geoengenharia deve ser vista como uma possível parte do futuro, e não como mera ficção científica. “Hoje ainda é um tabu, mas é um tabu que está sendo destruído”, diz David Keith, físico da Universidade de Harvard e um dos organizadores do evento.

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …