Neste domingo (15), a Argélia expulsou 391 pessoas em condições precárias, incluindo crianças e grávidas, para o deserto do Níger.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) indicou que as pessoas expulsas, oriundas de países da África Subsaariana foram detidas pelas autoridades argelinas trabalhando sem documentos em diferentes cidades do país e levados em caminhões até a fronteira, no posto de In Guezzam.
As pessoas, incluindo crianças e mulheres grávidas, foram obrigadas a atravessar a fronteira a pé e com pouca água e comida, afirma a OIM, sem que tenha havido confirmação ou um desmentido oficial das autoridades argelinas.
Os ministros do Interior da Argélia e do Níger estiveram reunidos em Argel no âmbito de um comitê bilateral fronteiriço. O responsável argelino, Noureddin Bedoui, reiterou que seu país não aceitará criar centros de detenção temporária propostos por diversos países europeus e que vai combater a imigração nos próprios termos.
Organizações internacionais como a Anistia Internacional ou a Human Rights Watch acusam a Argélia de tratamento desumano a milhares de homens, mulheres e crianças imigrantes, expulsos sem olhar para o seu estado de vulnerabilidade.
Em 14 meses, a Argélia abandonou milhares de imigrantes no Saara, obrigando-os a atravessar o deserto sem água ou comida. Desde 2014, teriam morrido cerca de 30 mil pessoas. Morrem ainda mais imigrantes no Saara do que no Mediterrâneo, diz a OIM.
O abandono de imigrantes começou no ano passado, quando a União Europeia começou a pressionar os países do norte de África para desmobilizarem os imigrantes que quisessem ir para a Europa através do Mar Mediterrâneo.
A expulsão de imigrantes é permitida desde que seja feita nos termos da lei internacional. No entanto, não é o que está acontecendo na Argélia, pois não recorre às verbas oferecidas pela União Europeia para ajudar com a crise migratória.
Noureddin Bedoui admitiu em maio que nos últimos três anos foram expulsas 27 mil pessoas da Argélia, mas afirma que tudo se passou no “estrito respeito dos direitos humanos“, acusando as organizações de quererem “ferir a imagem” do país.
Ciberia // ZAP