Donald Trump se comporta como um mafioso e tem “uma opinião desfavorável sobre todos os negros”, segundo Michael Cohen, ex-advogado do presidente americano.
As alegações foram feitas por ele no seu novo livro, Disloyal: A Memoir (Desleal: Memórias, em tradução livre).
O livro foi escrito por Cohen durante o tempo que passou na prisão, por crimes financeiros cometidos durante a campanha de Trump, entre outros.
Cohen diz que Trump fez comentários racistas sobre Nelson Mandela e sobre hispânicos.
A Casa Branca diz que Cohen está mentindo.
“Cohen é um criminoso desacreditado e um advogado impedido de exercer a profissão, que mentiu para o Congresso”, disse a secretária de imprensa Kayleigh McEnany em um comunicado no fim de semana. “Ele perdeu toda a sua credibilidade, e é pouco surpreendente ver suas mais recentes tentativas de lucrar com mentiras.”
No livro, Cohen alega que Trump é “culpado dos mesmos crimes” que o levaram para a cadeia, chamando seu ex-chefe de “um trapaceador, um mentiroso, uma fraude, um valentão, um racista, um predador, um farsante”. Cohen diz que Trump tem a mentalidade de um “chefe de máfia”.
Sobre negros e Mandela
“Como regra, Trump expressa opiniões desfavoráveis sobre todos os negros, da música à cultura à política”, escreve Cohen.
Ele alega que Donald Trump teria dito que o falecido presidente da África do Sul e ativista antiapartheid, Nelson Mandela, “não era um líder”.
Segundo Cohen, Trump teria dito: “Me diga um país governado por um negro que não seja um buraco de m*rda. Eles são todos umas privadas [palavrão omitido]”.
As palavras ecoam outra alegação feita contra Trump em 2018 — de que ele teria usado o mesmo termo, “buraco de m*erda” (shithole em inglês), para descrever países africanos.
Na época, Trump disse a repórteres: “Eu não sou racista. Eu sou a pessoa menos racista que vocês já entrevistaram”.
Acusações de racismo têm sido feitas contra ele desde o começo do seu mandato e seguem sendo um problema durante a atual campanha do republicano — para a eleição presidencial de novembro — contra o rival democrata, Joe Biden.
Sobre Obama
No livro, Cohen alega que Trump tem “ódio e desprezo” por seu antecessor, Barack Obama.
“Trump contratou um ‘Faux-Bama’ (um sósia de Obama) para participar de um vídeo em que Trump ‘ritualisticamente diminuía o primeiro presidente negro e em seguida o demitia'”, escreve Cohen.
A imprensa americana publicou um vídeo em que Trump repete seu papel como apresentador do reality show O Aprendiz e demite um homem que se passa por Obama.
Acredita-se que o vídeo foi feito para a convenção republicana de 2012, quando Mitt Romney foi nomeado candidato do partido. O vídeo nunca havia sido publicado
Sobre eleitores hispânicos
De acordo com Cohen, Trump teria dito certa vez: “Eu nunca vou conseguir o voto hispânico. Como os negros, eles são burros demais para votar em Trump. Eles não são o meu povo”.
Trump tem sido cobrado por seus comentários sobre latino-americanos, especialmente depois de ter falado mal de mexicanos durante a campanha.
Em 2019, Trump disse a um público no Estado do Novo México: “Ninguém ama mais os hispânicos”.
Sobre evangélicos
Cohen diz que depois de se reunir com líderes evangélicos no seu prédio, a Trump Tower, após vencer a eleição de 2016, Trump teria dito a assessores próximos: “Você consegue acreditar que as pessoas acreditam nesta [palavrão]?”
Trump fez campanha intensa pelo voto evangélico e disse ser um crente profundo. Seu vice-presidente, Mike Pence, é evangélico devoto.
Sobre Putin
Donald Trump admira o presidente da Rússia, Vladimir Putin, porque ele consegue “tomar um país inteiro e administrá-lo como se fosse sua própria empresa — como as Organizações Trump, na verdade”, escreve Cohen.
Cohen diz que Trump bajulava Putin para garantir acesso a dinheiro russo, caso viesse a perder as eleições de 2016.
No entanto, Cohen também diz que a campanha de Trump era “caótica e incompetente demais para conseguir conspirar junto com o governo da Rússia”, caso chegasse ao poder.
// BBC