As reflexões de Bill Gates, em um balanço de fim de ano, focaram-se no potencial de uma epidemia de gripe global – algo que, segundo o fundador da Microsoft, não estamos preparados para enfrentar.
Em carta intitulada What I learned at work this year (O que eu aprendi no trabalho esse ano, em tradução livre), Bill Gates refere que 2018 foi marcado pelo centenário da pandemia de gripe espanhola, um surto global que infectou 500 milhões de pessoas no mundo e matou cerca de 50 milhões, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.
“Eu esperava que o 100º aniversário dessa epidemia desencadeasse muita discussão sobre se estamos prontos, ou não, para a próxima epidemia global”, escreveu. “Infelizmente, isso não aconteceu e ainda não estamos prontos.”
Na carta, Bill Gates reconheceu que perigos como o terrorismo ou as mudanças climáticas causam muita preocupação, mas apontou que a gripe também deve estar no topo da lista das preocupações das pessoas. Uma epidemia global de gripe pode matar mais pessoas a curto prazo do que o terrorismo ou as mudanças climáticas, destacou.
“Se alguma coisa vai matar dezenas de milhões de pessoas em pouco tempo será uma epidemia global. E essa doença seria muito provavelmente uma forma de gripe, porque o vírus da gripe se espalha facilmente pelo ar”, escreveu.
“Atualmente, uma gripe tão contagiosa e letal, como a de 1918, mataria quase 33 milhões e pessoas em apenas seis meses.”
Segundo o Business Insider, as preocupações de Gates são justificadas: estima-se que 80 mil americanos morreram de gripe no inverno passado, sendo que 180 dessas mortes foram de crianças. Para evitar que uma grande epidemia se alastre, Bill Gates afirma que “precisamos de um plano para que os governos trabalhem em conjunto“.
Uma vacina contra a gripe universal poderia ajudar a proteger as pessoas da epidemia, mas somente se elas a receberem. Apesar da falta de progressos no que diz respeito ao desenvolvimento de um plano de preparação, Gates apontou que tem sido dado grandes passos no sentido de criar uma vacina que proteja contra todas as estirpes da gripe.
No entanto, só funcionaria se as pessoas nunca tivessem sido expostas à gripe, sob qualquer forma.
“As estirpes do vírus têm estruturas em comum. Se uma pessoa nunca foi exposta à gripe, é possível fazer uma vacina que ensine o sistema imunológico a procurar essas estruturas e atacá-las. Mas, se essa pessoa estiver com gripe, o corpo fica completamente obcecado com a tensão que causou, fazendo com que seja muito difícil que o sistema imunológico procure essas estruturas comuns”, explicou.
Gates acredita que é possível criar uma “supervacina”, mas isso também causaria alguns problemas. O empresário dá o exemplo das vacinas atuais, que estão prontamente disponíveis apesar de não serem obrigatórias, e aponta que, quando as pessoas evitam a vacinação, aumentam o risco de desenvolver e disseminar a doença.
Se uma pessoa com um sistema imunológico debilitado, mutante ou subdesenvolvido contrai gripe, a doença pode ser fatal. De acordo com a Healthline, os grupos mais vulneráveis à gripe incluem crianças, adultos com mais de 65 anos, mulheres grávidas, pessoas com condições médicas graves e pacientes submetidos à quimioterapia.
Ciberia // ZAP