O autointitulado “biohacker” Josiah Zayner está sob investigações das autoridades médicas do estado da Califórnia, Estados Unidos, sob suspeita de fazer exercício ilegal da Medicina.
O “biohacker” Josiah Zayner ficou conhecido em outubro de 2017, quando, após ingerir consideráveis doses de uísque, fez uma transmissão ao vivo onde injetou em seu braço o que dizia tratar-se de uma seringa contendo o DNA da ferramenta de edição genética CRISPR-Cas9, dizendo que isso lhe permitiria crescer mais músculos.
Zayner é o CEO de uma empresa chamada The Odin e possui diplomas e certificados em biofísica, mas não tem licença para exercer profissões médicas. Em sua empresa, Zayner especializou-se em vender para o cidadão comum kits “faça você mesmo” de experimentação genética em plantas, animais e até humanos.
O próprio CEO já tentou, com as ferramentas da própria empresa, realizar procedimentos como um transplante fecal em um aeroporto, em 2016; e a engenharia genética da própria pele, em 2017.
Em 2018, porém, assumiu uma posição mais cautelosa, culpando-se pelo crescimento do mercado de biohacking e o aumento de pessoas protagonizando autoinjeções dos mais variados tipos. “Honestamente, eu meio que sou responsável por isso”, ele disse ao jornal The Atlantic, na época. No entanto, a The Odin segue vendendo seus kits.
Agora, a situação cresceu o suficiente para que as autoridades tomassem nota.
Em uma carta compartilhada pelo próprio Zayner em sua conta no Instagram, o Departamento de Assuntos do Consumidor, DCA, diz que “investigadores estão agora em uma fase de nossa análise onde nós gostaríamos de conversar com você sobre este assunto”. A entidade pede que Zayner agende com eles uma entrevista e anotaram na carta: “Nós vamos também discutir os seus negócios”.
Zayner defendeu-se das acusações, alegando inocência e criticando as autoridades médicas: “A verdade é que eu nunca dei a ninguém nada para que eles se injetassem ou tomassem, nunca vendi nenhum material destinado ao tratamento de doenças, e nunca aleguei que pudesse oferecer tratamentos ou curas pois sabia que este dia chegaria”, ele conta, referindo-se à carta e à investigação.
“A parte mais f**a disso é que tem tanta gente morrendo não por minha causa, mas porque a FDA [agência regulatória de saúde nos EUA, similar à Anvisa, no Brasil] e o governo recusam-se a dar às pessoas o acesso a tecnologia e tratamentos de ponta ou, em alguns casos, até mesmo o mais básico plano de saúde. E mesmo assim, eu é que sou ameaçado com cadeia”.
Segundo a legislação norte-americana, a prática da medicina sem a devida licença pode gerar multa a partir de US$ 150 mil, em casos sem risco; ou até três anos de reclusão e encarceramento, em casos mais graves.
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