Boato no WhatsApp quase termina em linchamento no Rio de Janeiro

Na era das fake news e dos compartilhamentos indiscriminados de informação, todo cuidado é pouco. Afinal, divulgar uma mentira nas redes sociais pode ter uma consequência gigantesca no mundo real.

Foi o que aconteceu com um casal no Rio de Janeiro, que quase foi linchado por uma multidão nesta quarta-feira (5) após um boato espalhado via WhatsApp tratá-los como dois sequestradores que se escondiam na região.

O caso aconteceu em Araruama, a pouco mais de 100 km da capital fluminense, no bairro Mutirão. De acordo com a Polícia Civil, que investiga o caso, um rumor começou a ser divulgado por usuários do aplicativo informando que o casal havia sequestrado uma criança.

As mensagens compartilhadas envolviam fotos de um carro branco semelhante ao do casal e alguns áudios com mensagens de alerta ao “cidadão de bem”. Em um desses áudios, um homem contava que seu filho havia sido vítima do casal e detalhava como eles operavam, abordando os menores e levando-os para dentro do veículo.

Como tudo o que é compartilhado em grupos, as pessoas tomaram o relato como verdade e foram para a briga. A história viralizou a ponto de centenas de pessoas se reunirem para fazer justiça com as próprias mãos.

Elas cercaram o veículo em que o homem e a mulher se encontraram e tentaram retirá-los à força de lá. Segundo a Polícia Militar, foram mais de 200 pessoas que participaram da agressão. Tudo foi registrado em vídeos.

Segundo Luiz Aurélio de Paula, o homem que dirigia o automóvel na hora do ataque, ele até tentou explicar a situação à massa que o atacou, mas não teve êxito. Ele conta que pensou inicialmente que fosse um assalto e que tentou dizer que ele não era culpado dos crimes que o acusavam.

Ainda assim, um grupo conseguiu entrar no carro e deu início a mais agressões. Ambos foram jogados na rua, onde apanharam com socos e pontapés, além de pedras e pedaços de pau.

A loucura não acabou nem mesmo quando a PM e a Guarda Municipal chegaram e resgataram o casal. Tão logo eles retiraram as vítimas do local, as viaturas começaram a ser apedrejadas e um policial foi ferido.

Além disso, a polícia também prendeu uma mulher após ela ter incendiado o automóvel durante a confusão. Segundo os oficiais que atenderam ao chamado, a situação só não acabou em morte porque eles conseguiram chegar a tempo de evitar uma tragédia.

Para a PM, a tentativa de linchamento é considerada crime, assim como a produção e distribuição de conteúdo criminoso. O delegado Luiz Henrique Marques, responsável pelas investigações, disse estudar a possibilidade de acionar a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática para fazer esse rastreio.

Os vídeos serão usados para identificar quem começou a agressão. No caso do crime cibernético, o condenado pode ser preso por até dois anos e ainda ter de pagar multa.

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